segunda-feira, 12 de agosto de 2013

RN Nuzlocke LG - Capítulo 37: O último raio


RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 37: O ÚLTIMO RAIO

 - Deixe-me ver se entendi corretamente. - Disse Sophie enquanto avançavam pela correnteza da rota 10. Kari estava em suas costas ao lado de Sara, mas exceto isso não havia nenhuma alma nas redondezas. - Estamos indo para uma central elétrica abandonada a mando de um Pokémon estranho que apenas existe em seus sonhos?

 A Central Elétrica de Kanto havia sido deixada às moscas desde que a garota se lembrava. Isso porque a região era pertencente à cidade de Lavender, que havia começado sua derrocada naquela época. Esse fato explicava o abandono da Central em prol de outras formas de energia e a falta de iluminação na Caverna Rochosa, hoje um recinto de malucos e assaltantes. Kari pensou em ignorar o comentário da Lapras, mas sabia que ela não descansaria até obter uma resposta.

 - Não sei do que está reclamando, Sophie. Não vai ser você quem vai entrar. - Estava bastante claro, visto que a Pokémon seria um alvo fácil no recanto de Pokémon elétricos. A Lapras balançou a cabeça, aparentemente irritada.

 - É claro que eu sei. Você ainda não é tão maluca. - Kari quase reclamou em resposta, mas conseguiu ficar quieta. - Estou falando sobre o Pokémon estranho. Estamos realmente acreditando num fruto de sua imaginação? Se for, retire o que eu disse sobre sua maluquice.

 - Ele é real, Sophie. Se não me engano, é o tal Mew, um Pokémon lendário que Blaine e Fuji procuraram por anos a mando da Equipe Rocket. - A treinadora se lembrou das experiências na mansão de Cinnabar, e estremeceu. Não havia perguntado isso para Blaine quando ligou dizendo que havia acabado com as atividades Rockets na ilha Uno. O que não era exatamente uma mentira, pois foram achados vários Rockets no local onde supostamente Moltres havia saído. O líder de Cinnabar pareceu acreditar em sua história, de qualquer jeito. - Há algo de especial nele, e acho que é melhor seguí-lo. E de qualquer jeito, chegamos.

 A Lapras parou perto da costa, e um enorme edifício se agigantou diante deles. Possuía claros sinais de abandono, com paredes destruídas e vigas balançando ao menor sinal de vento. De vez em quando descargas elétricas pipocavam no interior do prédio, vindas de Pokémon elétricos que ainda ficavam no lugar. Kari pisou na areia molhada, recuando Sophie para a Pokébola. Se virou para Sara, que parecia um calada demais.

 - Nervosa? - Perguntou a treinadora com um sorriso, e a Sandslash não respondeu. No entanto, a garota também se sentia assim. Até então enfrentar a Trindade dos Pássaros era algo reacional, nunca um objetivo anterior. Agora as coisas eram o contrário. Estavam procurando por Zapdos, desta vez por pura e espontânea vontade. Não ajudava muito saber que Sara era resistente a ataques elétricos. Quem sabe outros truques apareceriam.

 Entraram as duas na central abandonada, olhando para os lados. Equipamentos estavam jogados em todas as direções, e a única luz vinha das paredes demolidas. De vez em quando um Magnemite ou um Voltorb era avistado, mas apenas por poucos segundos. Descargas elétricas ao longe assustavam a dupla, mas não voltaram atrás. Ao invés disso, seguiram em frente procurando confiança em cada passo.

 Quando Kari estava prestes a desistir, chegaram a uma ampla área, onde ficavam as cédulas de energia que armazenavam o que era produzido na central elétrica, cada uma do tamanho de um contêiner. E no topo deste aposento, em cima de um emaranhado de fios e cabos, estava ele. Zapdos, o Pássaro do Relâmpago. Suas asas estavam abertas em uma longa envergadura, e ele gritou agudo para a dupla que chegava à seus limites. A treinadora respirou fundo, tentando controlar o medo, e virou para Sara ao seu lado. As duas acenaram a cabeça e se viraram para o adversário, que agora começava a se soltar do ninho improvisado.

 - Sara, sem chances para ele respirar! - Gritou a garota. A Pokémon saltou até o teto alto, avançando quase trinta metros de altura. Quando se aproximou, arranhou o teto, liberando diversos pedaços de concreto, e os jogou contra o corpo do adversário. Zapdos se protegeu um pouco com suas asas, e enquanto Sara ainda estava na queda ele avançou, acertando-a com seu bico afiado. A Sandslash voou no ar, atravessando a sala e batendo com as costas na parede. - SARA! - Gritou Kari, mas sua Pokémon pegou um pedaço da parede e a arremessou, errando o Pássaro do Relâmpago por um triz.

 Zapdos em seguida brilhou, e sua velocidade aumentou consideravelmente. Enquanto procurava acompanhá-lo com os olhos, a treinadora se lembrou de diversas estratégias que envolviam o uso dessa agilidade, usadas por diversos concorrentes ao posto de Campeão. Estava na cara que este Pássaro não era como os outros. Engoliu em seco, ao tempo em que o Pokémon Lendário abria as asas no ar, lançando uma onda de eletricidade na área. Cédulas explodiram e o ar se tornou estático, fazendo com que Kari recuasse para que não fosse acertada. Sara, no entanto, permanecia firme em sua posição, em cima de uma plataforma na parede.

 - Sara! - Gritou a treinadora, tentando ser ouvida por cima do caos. - Isso não vai afetá-la! Continue em cima dele. - A Pokémon tomou essa ordem ao pé da letra. Retirou um pedaço de concreto na parede e esperou, pulando em cima de Zapdos no momento em que ele voava por perto. Acertou a cabeça dele com as rochas, e o Pássaro aumentou sua velocidade, tentando jogar a Sandslash para longe. Kari sentiu o coração se apertar, mas Sara continuava no mesmo lugar. Mesmo de longe, conseguia ver o rosto concentrado dela. Quando o Pokémon Lendário subiu para ficar mais próximo do teto, a Sandslash saltou, jogando o último pedaço de concreto do teto em cima de Zadpos. Ele caiu e se chocou contra a parede do outro lado, sumindo ao cair na sala ao lado.

 - Acabou? - Perguntou Sara, caindo em velocidade até o chão. Kari correu até ela, com os olhos na cratera acima. Nada saía de lá.

 - Não sei. - Seu coração batia com força, aguardando alguma ação. Os segundos se passara, e eis que uma esfera de energia rosa saiu do buraco, e dentro dela o Pássaro do Relâmpago adormecia profundamente. Estava muito longe para que a garota pudesse enxergar algo mais, e em um segundo a esfera rosa sumiu, deixando-as na escuridão relativa. Kari olhou para cima, e percebeu um papel descendo suavemente até ela. O segurou no ar, puxando para perto do rosto para conseguir ler melhor:

 Muito obrigado. Nos veremos em breve.

 E apenas isso. A treinadora virou o papel várias vezes, esperando um enigma oculto. No entanto, nada.

 - O que é isso? - Perguntou Sara, ao mesmo tempo em que o telefone de Kari começava a tocar. Ela o atendeu rapidamente, abrindo-o ansiosa.

 - Alô?

 - Kari? Sou eu, Carvalho! - Uma onda de decepção tomou conta da garota, esperando ouvir a voz do Pokémon misterioso. No entanto, um pingo de curiosidade brotou em sua mente. Carvalho nunca ligava para ela.

 - Sim. O que houve? - Perguntou.

 - Kari, achei que você já soubesse, mas ninguém te viu em Viridian. Giovanni voltou há algum tempo, e está retomando suas atividades como Líder de Ginásio. - Essas eram notícias surpreendentes, que quase fizeram com que a garota esquecesse da Trindade dos Pássaros. A última insignia era um mistério para ela, e agora o caminho estava sendo traçado.

 - Excelente! Estou indo aí agora mesmo! - Exclamou, olhando para os lados para checar se não havia nada de sobrenatural espreitando nas sombras. Nada.

 - Kari, há... algo que preciso te dizer. Antes que você venha. - Algo em sua voz fez a treinadora estancar.

 - O quê?

 - Bem, Giovanni tem aceitado vários treinadores para a batalha, e sei que você não perde por esperar para ter a sua vez. Só que... ele ainda não perdeu. Todos aqueles que tentaram, foram sumariamente derrotados. Achei... necessário te avisar isso, para se proteger.

- Não se preocupe, professor. Estou bastante confiante. - Disse ela, olhando mais uma vez para o interior da central enquanto saía para o ar livre. Com o coração ansioso e confiante, Kari sentiu o sol banhar seu corpo, enquanto começava sua jornada até Viridian. Depois da Trindade, os próprios líderes de ginásio não pareciam uma preocupação tão grande. Giovanni seria o último, e depois dele haveria apenas a liga.

Afinal, que surpresas Giovanni poderia ter nas mangas?

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