terça-feira, 21 de maio de 2013

RN Nuzlocke LG - Capítulo 24: Planos


RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 24: PLANOS

Kari abriu os olhos, piscando várias vezes em seguida. Estava em um aposento iluminado, mas sua vista estava embaçada demais para poder enxergar com clareza. Tentou se sentar, mas sentiu dores fortes no corpo inteiro gritando contra isso, e voltou a deitar. Sentiu que estava em uma superfície acolchoada, e um tecido fino a cobria da cintura para baixo. Esfregou os olhos com força e voltou a focar sua vista. Um Charizard apareceu em seu campo de visão, e ela se assustou.
           - Se eu contasse quantas vezes eu vi você acordando depois de se machucar, faltaria dedos. - Sua voz era familiar, e a garota percebeu que era Kenichi.
           - Acho que eu sou muito desastrada, não? - Sorriu com a boca fechada. - Vejo que você evoliu, garotão.
           - Você tinha me visto evoluir, cacete. Não se lembra do que aconteceu antes?
- Eu não... - Ela segurou a cabeça, sentindo as memórias voltarem lentamente. - Onde está Fuji?
          - Aqui. - Respondeu uma voz à sua frente. Kari abriu os olhos, e viu um pequeno homem, com quase setenta anos e careca. Tinha sombrancelhas grossas e grisalhas, e vestia um avental amarelo com o símbolo de uma Pokébola vermelha no peito por cima de uma camisa branca e calça marrom. Seu nome era Fuji.

- Senhor Fuji?Onde eu estou?

- Em meu Centro de Ajuda de LAvender. Os Centros Pokémon costumam curar apenas Pokémon que pertencem a equipes, já que seus aparelhos tratam das Pokébolas e das espécies dentro delas. Não há um motivo político para ajudar seres abandonados e sem treinadores, então eu cuido deles aqui, de um modo tradicional. - Ele puxou uma cadeira de madeira e se sentou ao lado da cama da garota. - E agradeço que esses métodos servem para humanos também, ou não teria a salvo. Seus Pokémon me contaram sobre sua bravura. Eu gostaria de agradecê-la.

- Eu... Obrigada.

- Eles no momento estão me ajudando a cuidar dos Pokémon que precisam de ajuda. - Kenichi aproveitou essa deixa para sair silenciosamento do quarto. - Também me contaram que você tem uma espécie de cruzada contra os Rockets. - Ele suspirou, parecendo cansado. - Peço que você desista disso. Eles são mais perigosos do que você pensa. Mataram uma pobre Marowak e manipularam o espírito dela com ajuda daqueles aparelhos da Silph para mentir para ela, fazendo-a protegê-los enquanto eles... me questionavam.

- Então o senhor sabe o porquê eu não vou desistir de caçá-los, senhor. - Os olhos de Kari emitiam um brilho, e Fuji percebeu isso. - É uma questão de justiça.

- Justiça... - Suspirou o homem. - Se a justiça realmente existisse, garota, eu também estaria em sua caçada. Eu ajudei os Rockets a se tornarem o que são hoje.

- O senhor? Mas... como?

- Eu procurei fugir de meus erros há muitos anos. No entanto, os Rockets vieram me procurar de novo, e uma pequena garota quase morreu tentando me proteger. Eu te devo minha vida, garota, e por isso contarei minha história. - Seus olhos estavam tristes, e ele a encarou com pesar. - Depois disso, minha sentença será sua.

- Eu... não sei o que dizer.

- Ah, por favor. Deixe-me falar primeiro. Como você vê, eu aprecio muito o ato de contar histórias. - Ele tentou dar um sorriso, mas seus olhos continuavam os mesmos. - Eu não sei se você sabe, mas eu era um pesquisador. Aventureiro, como muitos diziam. Eu e meu velho amigo, Blaine, que você deve conhecer como líder do ginásio de Cinnabar, costumávamos viajar pelo mundo, buscando novas descobertas. Encontramos espécies maravilhosas nas Ilhas Sevii, visitamos vulcões ativos em Hoenn, subimos ao pico mais alto de Sinnoh, vimos vales exuberantes em Unova... eram tempos gloriosos. Com o tempo, ganhamos fama e... um pouco de atenção não desejada.

- Fomos contatados por uma organização chamada Plasma. Na época, se diziam por um grupo de investidores, curiosos pelos mistérios do mundo. Eles disseram que estavam procurando por um Pokémon lendário, que fugia de treinadores há tempos imemoriais. - Seus olhos brilharam enquanto o homem se aproximava da garota. - Seu nome era Mew.

- Por meses, eu e Blaine viramos o mundo de cabeça para baixo em busca desta criatura. Tudo o que tínhamos eram pinturas de tempos rudimentares. Mesmo assim, continuamos nos esforçando. Viramos noites acordados, andando por matas fechadas, esperando que ele caísse do céu. Até que um dia eu acordei, e ele estava parado à minha frente. Nunca vi algo tão belo em toda a minha vida. Encostei nele, e Mew sumiu. Não sei se houve um teleporte ou não, mas um bocado de pêlos ainda estavam em minha mão.

- Algum tempo depois, os Plasmas descobriram o material que eu havia sem querer coletado. Havia guardado em algum pacote ou algo assim, esperando que aquilo fosse me dar forças enquanto eu continuava a minha procura. Só que assim que eles souberam disso, cancelaram a pesquisa e confiscaram os pêlos. Pelo que eu soube depois, Blaine havia contado a eles. Foi um belo golpe em nossa amizade.

- Naquele instante comecei a ouvir coisas. Sobre pesquisas secretas que usavam o material que eu havia coletado. Quando voltei a Kanto, ouvi sobre as atividades criminosas dos Plasmas. Confrontei Blaine novamente, falando que não era por isso que eu havia percorrido meio mundo. Houve uma nova briga, e fui expulso de Cinnabar. Não antes de descobrir que eles estavam... fazendo experiências com os pêlos. Um nome era repetido algumas vezes, sobre um... Projeto 150. Tentei denunciá-los, mas apenas perdi minha credibilidade, principalmente porque Blaine ficou do lado deles no tribunal. Um tempo depois descobri que os Rockets eram uma espécie de filial dos Plasmas em Kanto, mas nunca houveram provas.  Acabei em Lavender, fugindo da retaliação, e temeroso por minha vida.
- Há alguns meses... houve uma explosão em Cinnabar. Muitos avistaram um Pokémon desconhecido, saindo da Mansão. O mesmo lugar em que eu sabia que estavam fazendo experimentos. Blaine não respondia, e novamente temi por minha segurança. Me movi para a Torre de Lavender, com medo, mas os Rockets me acharam. Até você aparecer. - Ele terminou, coçando a garganta. - E então?

- Eu não... - Era muita informação para Kari conseguir processar. - Os Rockets são uma filial? E eles estavam à procura de um Pokémon lendário? - Havia ouvido falar de Mew, toda criança tinha escutado a mesma lenda, sobre um ser mágico que visitava serelepe os quatro cantos do mundo. - Eu não entendo.

- Eu procurei também não entender, garota. Eles me devastaram de formas que não conseguem entender.

A garota ficou calada, e continuou a falar de modo sério. - Eu não o culpo, senhor Fuji. Acho que o senhor foi apenas manipulado por eles.

- Eu... discordaria disso. O que aconteceria se eu não tivesse encontrado aqueles pêlos?

- Não adianta pensar nisso. Agora precisamos contra-atacar.

- O-o quê? Você não ouviu o que eu disse, garota? Eles são mais perigosos do que você imagina!

- E os líderes de ginásio? Não é possível que todos estejam no bolso dos Rockets! - Era algo que ela havia pensado enquanto viajava até Lavender. - E a Elite dos Quatro! Precisamos contar a eles!

- Eles não irão escutar uma simples treinadora. Ninguém agirá, mesmo que você grite a todo o vapor na frente de suas portas.

- Bem, então eu terei que lutar contra eles sozinha, pois não irei me esconder o resto de minha vida! - Assim que ela falou isso, percebeu que havia cometido um erro. Fuji se encolheu com essas palavras, e se levantou lentamente. - M-me desculpe, senhor Fuji. Eu... - No entanto, ele já havia saído do quarto.

Kari ficou sozinha, se sentindo terrível. Muito provavelmente o homem havia pensado que ela o havia chamado de covarde, mesmo tendo feito o que conseguia para deter os Rockets. Tentou se levantar, mas as dores a mantiveram na cama. O quarto ficou em silêncio, até que a porta se rangeu. Quando a garota olhou para ver quem estava entrando, reconheceu o semblante idoso de Fuji, carregando algo nas mãos.

- Eu posso te dar uma chance. Uma chance que não consegui realizar. - Ele a entregou uma flauta de madeira, ornamentada com uma Pokébola em uma das pontas. - Esse é um presente que um velho amigo meu me deu uma vez, um amigo que falhei em tentar convencer sobre os Rockets. Ele reconhecerá quando você mostrar isso. Pelo que eu me lembro, o homem tem experiência o suficiente para liderar um levante, e liderança para motivar os outros líderes de ginásio. Sobre sua habilidade, é tão impressionante que rumores dizem que logo ele estará na Elite dos Quatro.

- Quem? - Perguntou Kari, segurando a flauta nas mãos. O brilho nos olhos de Fuji reacendeu enquanto ele proferia o nome.

- Koga.

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