quarta-feira, 15 de maio de 2013

RN Nuzlocke LG 23: De volta à Lavender


 RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 23: DE VOLTA À LAVENDER

- Kari, você precisa descansar. - Disse Liz, observando a garota. O metrô corria solitário pelo túnel escuro, e seu interior estava quase vazio, com exceção de Kari e sua equipe. A garota estava zonza, se esforçando para se manter acordada, com o sangue seco mascarando sua face. Seus olhos se desfocavam a cada cinco minutos, e ela teve que se apoiar mais de uma vez antes que caísse.

 - Não... Eu preciso... - Ela colocou as mãos no rosto, pressionando as pálpebras. Seu cabelo, anteriormente empapado pelo sangue, estava colado à sua testa. - Liz, os Rockets estão indo para Lavender. Eles precisavam do produto da Silph para poder passar pelos fantasmas, e eu me lembro que um tal de senhor Fuji estava sumido. Esses desaparecimentos são culpa daqueles bandidos, eu tenho certeza, e eles estão indo para a cidade. Não podemos perder um segundo sequer.

 - Kari... - Sara se aproximou. - Sinto muito, mas acho que você está exagerando em suas ações. Fui eu quem te coloquei nesse caminho, e devo -- A Sandslash parou ao ver a mão da treinadora estendida.

 - Não comece, Sara. Por favor. Eu passei as últimas horas torturada. Minha reação não é exagerada. 

Chegaram à estação da Rota 7, e prosseguiram para chegar em Lavender. Kari estava sendo auxiliada por Kenichi e Liz, que a seguravam caso ela caísse. Depois de algum tempo, os Pokémon se afastaram e fizeram uma maca improvisada a partir de roupas da mochila e pedaços de árvore. A treinadora reclamou, mas adormeceu nos primeiros vinte minutos. A viagem de volta foi mais apressada do que a de ida, durando dois dias ao invés de cinco.

Quando entraram em Lavender, a névoa fria acertou Kari em cheio. O frio a fez tossir, sendo complementado com a febre forte que ela sentia há dias. No entanto, assim que se aproximaram da Torre Pokémon, ela se levantou debilmente.

 - É por aqui. Se os Rockets pegaram aqueles aparelhos da Silph, eles devem usá-los onde os espíritos se concentram. - Enquanto andava, ela se perguntou o que exatamente estaria acontecendo naquele lugar.

A silhueta da Torre se destacava na névoa quando chegaram. Kari olhou para os lados, e avistou uma figura negra parada em frente à porta. Quando se aproximaram, viram que era um Rocket, usando um estranho aparato cinza em seus olhos e fumando um cigarro. A garota se aproximou, e antes que o homem a avistasse, ela socou-o na face.

 - Kari! - Gritou Sara, mas ela já havia derrubado o Rocket. A treinadora se agachou, prendendo o braço dele no chão.

 - Fique quieto e me escute. Onde estão os seus amigos? - O homem não respondeu. Quando ela retirou o aparelho de seus olhos, viu que ele havia desmaiado. - Droga! - Kari se levantou, e avistou uma estranha figura no chão.

 - Oh, céus. - Disse Liz, colocando as mãos na boca. O cadáver sangrento de uma Marowak jazia aos seus pés. Kari se virou para trás e quase vomitou, caindo de joelhos no asfalto. Demorou alguns segundos para se recomper, e durante esse tempo a adrenalina a abandonou, enchendo-a de dor e cansaço novamente.

 - Vamos. - Sua voz estava fraca, e ela nem mesmo virou para trás enquanto entrava na Torre. O estabelecimento estava vazio, sem a recepcionista de outrora, e assustadoramente escuro. Subiram os andares, sem encontrar nenhuma alma viva. A sensação de estar sendo observada aumentou, e ela dava passos lentos e hesitantes. As tumbas e monumentos a encaravam silenciosamente, marcando cada passo.

 - Kari... você está ouvindo isso? - Estavam no quinto andar, e até agora não haviam encontrado ninguém. Liz estava atrás dela, segurando-a pela barra da camisa.

 - Ouvindo o quê? - Perguntou a garota de forma irritada. Quando parou, conseguiu escutar uma pequena voz sussurando em seu ouvido, como se estivesse atrás dela.

 - Vão embora... intrusos.

Ela se virou, e o pânico subiu até sua garganta. Uma enorma massa ectoplasmica roxa e negra surgiu do além, e começou a girar ao redor ela, formando um furacão sobrenatural. Ela caiu para trás, fitando aterrorizada o conjunto de Ghastlys e Haunters que a encaravam, girando e gritando. 

 - O que está acontecendo aqui? - Gritou, tentando ser ouvida em meio ao caos que se alastrava. Um espírito saiu do ectoplasma e mudou de forma na frente deles, adotando a figura de uma Marowak, que começou a falar com a mesma voz que havia chamado Kari antes.

 - Intrusos... vocês não pegarão o meu filho. - Um Ghastly, passou voando entre eles, atravessando o corpo de Kari. A garota se sentiu imediatamente doente, suando forte e ardendo em febre. Um segundo fantasma a atravessou, e ela sentiu uma substância quente sair das narinas e encher sua boca. Quando colocou a mão para limpar o rosto, descobriu que era sangue.

 - Kari! - Gritou Liz, a única Pokémon visível naquele mar fantasmagórico. Ela conjurou um pulso d'água de suas mãos, e o jogou contra a Marowak, que voou longe pelo impacto.

 A fantasma não falou nada em resposta,  preferindo conjurar para si um pequeno bumerangue de ossos. Ela o lançou acertando o rosto de Liz na ida. Quando a Wigglytuff caiu, ele voltou e a acertou pelas costas, desmaterializando depois em pleno ar.

 - Ei! - Gritou Kari. A Marowak a avistou, e lançou o bumerangue contra ela também. O primeiro golpe acertou os seus dedos da mão direita, e ela ouviu o som seco de ossos quebrados mesmo através do barulho do lugar. Segurou a mão, até que o segundo golpe a acertou no ombro esquerdo, fazendo-a cair no chão.

 - Intrusa... está na hora de morrer. - Através da dor que quase a cegava, Kari viu o fantasma se aproximando. Pelo canto do olho, avistou Liz se arrastando para ela, mas não chegaria a tempo. A Marowak estendeu o bumerangue, prestes a dar o golpe final, mas a garota continuou encarando-a, sem desviar o olhar.

Naquele mesmo instante, uma enorme onda de calor se propagou detrás da treinadora. Kari se virou, e um redemoinho de chamas vermelhas estava girando atrás dela, com raios de luz brancos saindo a cada segundo. De repente, o tornado flamejante explodiu, destroçando o ectoplasma ao seu redor e iluminando a sala em um clarão branco e cegante.

Quando Kari abriu os olhos, havia um Pokémon ao seu lado. Ele era bem grande, com quase um metro e setenta, com um corpo comprido, braços finos e pernas fortes. Sua pele era laranja com um detalhe em amarelo que cobria seu estômago e ia correndo por seu rabo, que possuía uma forte chama se propagando. Ele também possuía asas longas e uma cabeça que se assemelhava a de um dragão. Kari o observou, abismada como se seu anjo da guarda tivesse se materializado em sua frente.

Kenichi havia evoluído para um Charizard.

 - Vamos. - Disse ele, com uma nova voz grossa. Ele ajudou a treinadora e Liz a se levantarem. A garota aproveitou o momento para olhar ao redor, procurando algum resquício de atividade paranormal no lugar, mas todos os fantasmas haviam evaporado pela explosão de Kenichi. Assim, seguiram escada acima, com Kari mancando a cada passo.

No meio do caminho, viram um grupo de Rockets descendo as escadas, alarmados pelo barulho no andar abaixo. Um momento de silêncio perplexo se seguiu, e os bandidos encararam a equipe de Kari. Finalmente, a treinadora sussurrou baixo:

 - Acabem com eles.

Seus Pokémon avançaram, e os Rockets liberaram atrapalhados seus combatentes, enquanto outros no quarto acima faziam o mesmo. Liz hesitou em deixar Kari, mas um gesto dela a fez correr para a peleja. Barulhos de destruição e combate se alastravam no aposento, enquanto a garota ficou sozinha na escadaria, se esforçando para subir os degraus.

 - Preciso... achar Fuji. - Disse, enquanto tentava controlar suas dores e avançar através dos obstáculos. Sua perna falhou em segurar seu peso, e ela quase caiu, evitando o ato ao segurar o corrimão com os dedos quebrados. Kari ofegou, caindo de joelhos onde estava, segurando a mão entre as pernas visto que não conseguia mover o outro braço pelo ferimento no ombro. Respirou fundo, procurando não desmaiar, sentindo o cabelo encharcado de suor pinicar em sua testa.

Levantou a cabeça, e esqueceu da dor por alguns instantes. Havia um Koffing flutuando à sua frente, com um sorriso abobado em seu rosto. Atrás dele, um treinador ferido se segurava na parede, bufando pelo cansaço.

 - Você... desprezou os Rockets pela última vez. - Disse, respirando forte entre as palavras. - Hora de morrer.

O Koffing começou a brilhar, emitindo luzes fortes através dos buracos de seu corpo. Kari ficou hipnotizada, até que a seriedade da situação bateu em sua mente. Desesperada, ela olhou para os lados, procurando alguma forma de escapar enquanto o Pokémon se preparava para explodir. 

Sem saída, ela se jogou para trás, batendo uma única vez nos degraus antes do Koffing se auto-destruir, gerando uma forte explosão que a jogou para longe. A onda de choque a jogou para baixo, e o impacto a fez deslizar pelo chão. Quando parou, sentiu todos os seus ossos doendo e agonizando, e a respiração estava entrecortada por dores no pulmão. Kari tentou com todas as suas forças se manter acordada, mas não havia mais jeito. Sua visão se enegrou enquanto as trevas a abraçavam, e a morte se aproximava.

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