terça-feira, 12 de março de 2013

RN Nuzlocke LG: 11 - O Cabo de Cerulean


RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 11: O CABO DE CERULEAN


A Ponte Dourada, que dividia a cidada propriamente dita de Cerulean e seu cabo, era conhecida por ser um ponto de encontro de treinadores. Várias batalhas aconteciam constantemente no lugar, causando grandes gastos em manutenção, mas a polícia já era muito ocupada com os Rockets para vistoriar as batalhas. E, no início dela, estava Kari, sentada perto do corrimão quebrado.

Ela estava considerando o que Gary havia falado, sobre ele ter mais direito do que a garota. O sol começava a descer quando ela se levantou, se esticando. Depois de algum tempo pensando, percebeu que não havia muito o que fazer. Ela tinha certeza de que seu sonho era ser Campeã, não importando o que ele achasse. E, de qualquer jeito, Gary não tinha o que se meter em sua vida e no que fazia. Quando fosse Campeã iria mostrá-lo. Se virou para o norte, e percebeu vários treinadores batalhando e procurando batalhas. Soltou seus Pokémon e seguiu para o norte.

Eles seguiram derrotando todos os adversários com que cruzaram os olhares. Zelda e Sara lideraram a equipe até o fim, deixando Nala irritada. 

 - Quer dizer que apenas elas lutam nesse time? - Perguntou a Raticate, ao derrotarem o quinto treinador seguido. Kari colocou as mãos nos bolsos e respondeu:

 - As duas são as mais novas da equipe, Nala. Elas precisam treinar mais do que vocês.  - Nala sentiu algo estranho na voz dela, mas decidiu sair de perto em vez de questionar. A treinadora suspirou e seguiu em frente. Havia apenas mais uma pessoa na ponte, um homem alto e moreno, vestido com um sobretudo longo e negro. Ele percebeu a garota se aproximando e começou a bater palmas.

 - Parabéns, treinadora. Devo-lhe dizer que você é a vencedora do desafio da Ponte Dourada! - Kari estreitou os olhos enquanto o homem procurava algo na mochila.

 - Havia um... desafio? - Toda a mente dela ficou branca quando viu o que o homem tinha nas mãos. Uma enorme pepita dourada, de quase dez centímetros de diâmetro, brilhava à luz do sol. Ela estendeu as mãos para recebê-la. Estava quase segurando-a quando o homem a afastou.

 - Na-na-na. Primeiro gostaria que você respondesse um pequeno questionário. Nada mais justo, não acha? - perguntou ele, voltando a colocar a pedra na mochila.

 - Eu acho que sim. - respondeu Kari, voltando à realidade um pouco inconformada.

 - Certo. Meu nome é Shane. - Ele apertou a mão da treinadora fortemente. - Na verdade, é um pouco mais simples do que um questionário. Sabe, faço parte de uma organização bastante importante e em alto crescimento, e estamos precisando de treinadores fortes para nos ajudar em projetos futuros.

 - Hm. O que exatamente eu faria? - Perguntou Kari. Não estava convencida de que iria aceitar essa proposta caso interferisse com seus planos de ser Campeã.

 - Bem, no momento estamos organizando uma viagem em busca de indicações de Pokémon lendários.

 - Ah. Sinto muito, mas não poderei aceitar. - Ela inclinou o corpo em respeito, do jeito que Sara havia ensinado. - Meus planos no momento não incluem viagens longas.

 - Bem, então vou ter que pedir insistentemente. - Shane se aproximou dela, que recuou. - Sabe, você tem bastante potencial. Poderia até se tornar uma líder nata em nossa organização. No entanto, não se preocupe. - Ele retirou uma Pokébola do bolso. - Farei uma oferta que você não pode recusar. - Ele soltou um Zubat, que voou direto para a cabeça de Kari. Ela se protegeu e soltou uma Pokébola aleatória como reflexo. Zelda foi liberada, e inteceptou a adversária antes que atingisse sua treinadora.

Shane liberou então sua Ekans, Pokémon parecido com uma cobra peçonhenta de cor roxa com detalhes amarelos, de quase dois metros e um chocalho na ponta da cauda. No entanto, Kari tinha se recuperado, e mandou Sara para lutar. A Sandshrew saltou e atingiu a adversária no crânio, instantaneamente fazendo-a desmaiar. Pelo canto do olho, a treinadora viu Zelda derrotando a outra Zubat.

 - Bem, agora podemos conversar com calma? Que tipo de organização é essa? - Ela foi se aproximando de Shane, pronta para tirar a verdade do homem. No entanto, antes que pudesse falar mais alguma coisa, ele saltou da ponte em direção ao rio. Kari correu até o corrimão, e avistou-o nadando em direção a Cerulean. - O que diabos foi isso? - Perguntou exasperada. 

 - Muito provavelmente era um recrutador Rocket. Eles fazem de tudo para não serem capturados. - Disse Sara ao seu lado.

 - O quê? Ele era um Rocket?

 - Sim. Eles geralmente procuram treinadores fortes em locais de batalhas para colocá-los na organização. E pelo visto -- Ela se esticou para observar o rio correndo embaixo delas. - Fazem de tudo para não serem capturados. 

 - E pensar que um deles quase me pegou desprevenida... - A treinadora ficou quieta, fitando a água cristalina se movimentando a quase vinte metros abaixo deles. - Não podemos ficar despreparados.  - Disse finalmente. - Daqui a pouco eu começarei a ser identificada por eles. Precisamos intensificar os treinamentos. Inclusive, Sara. - Ela fitou de forma séria os pequenos olhos da Sandshrew. - Eu preciso conversar com você sobre uma coisa em que estive pensando. 

Passaram as horas seguintes treinando Zelda e Sara, que estavam próximas da evolução, em  um pequeno gramado selvagem na encosta de uma formação montanhosa à nordeste da Ponte Dourada. Enquanto estiveram lá, Kari capturou um Bellsprout, ser parecido com uma planta de setenta centímetros, com corpo finíssimo, duas folhas verdes de cada lado do corpo, pés parecidos com raízes e uma cabeça amarela com formato de um sino, com lábios rosas. Se chamava Bernard, e era bastante sério. 

No entanto, antes que pudessem conhecê-lo melhor, ele foi mandado para o laboratório do professor Carvalho. Isso acontecia porque, já que cada treinador só poderia dispor de seis Pokémon, as Pokébolas estavam programadas para serem mandadas para um lugar pré-indicado. Inclusive, o homem responsável por essa tecnologia, chamado Bill, morava em uma pequena mansão no fim do Cabo de Cerulean.

Um pouco depois disso, Zelda e Sara evoluíram depois de várias batalhas com Pokémon selvagens. Zelda se tornou uma Golbat, um morcego azul de quase um metro e sessenta de altura. Possuía asas roxas gigantescas e um corpo cilíndrico e fino, com uma enorme boca negra ocupando noventa por cento do corpo. Já Sara havia se tornado uma Sandslash, Pokémon parecida com uma Pangolim de um metro de altura, com corpo amarelo e longos espinhos em formato de penas, marrons e afiados. Possuía garras longas, e sua pele era bastante seca.

 - Ah, que ótimo. - Disse Nala assim que eles evoluíram. - Agora o resto de nós pode voltar a lutar? - Ela estava em pé perto deles, enquanto Liz, Wanda e Kenichi estavam espelhados pelo cenário, visivelmente entediados.

 - Ah, me desculpem. - disse Kari, envergonhada. - Não se preocupem, eu soube que vários treinadores costumam lutar no caminho até a ponta do Cabo de Cerulean, então teremos atividade para todos. 

 - Espero mesmo. Preciso estar em forma quando derrotar todos os Pokémon de Misty.

 - Nala, sobre isso... - Kari olhou para um canto, encabulada. - Eu planejo usar Liz e Wanda no ginásio.

Uma série de sons e reações propagaram depois disso. Liz estava surpresa, assim como Wanda, mas Nala se enfureceu. Para controlá-la, a garota a retornou para a Pokébola, olhando de soslaio para Sara, que acenou com a cabeça.

Seguiram pela rota 25, que ligava a Ponte Dourada ao fim do Cabo de Cerulean. Realmente, haviam vários treinadores, no entanto o que mais chamava atenção eram os namorados no lugar. O sol já começava a se pôr, e casais pipocavam de cada canto escuro. Kenichi e Kari andavam pela areia, desviando de pessoas se beijando e procurando Misty.

 - Fico feliz de ver que tenho motivos para desprezar os ceruleanos além das piadas bairristas da internet. A idéia do decoro pelo visto ainda não chegou ao norte de Kanto. - disse Kari, saltando por cima de roupas emboladas de um casal no mar.

 - Você só diz isso porque está encalhada. Se alguém quisesse namorar com você, tenho certeza de que seria a primeira a reservar lugares aqui no Cabo. - disse Kenichi atrás dela.

Uma veia na têmpora de Kari saltou enquanto ela respondia: - Primeiro, eu gostaria de dizer que apenas não encontrei ninguém especial. Não sou do tipo de garota dependente que necessita desesperadamente de um qualquer para ser feliz. Segundo, eu tenho certeza de que eu teria modos para me portar em público.

 - Certo. Me diga uma coisa, Kari: Você já beijou alguém?

O rosto de Kari ficou mais vermelho do que Kenichi, e começou a falar rapidamente e sem pausas. - Sim, claro, tenho dezoito anos, Kenichi, que tipo de pessoa eu seria se não tivesse beijado ninguém, assim tão velha? - Terminou rindo baixinho, olhando nervosamente para o Charmeleon, que estava com os braços cruzados e uma expressão zombeira no rosto.

 - Então isso é um não.

 - Sabe, Kenichi, esse lugar é bastante romântico. Que tal nós chamarmos sua namorada? - Kari liberou Wanda da Pokébola. - Wanda, Kenichi disse que queria aproveitar esse lugar com você. - O Charmeleon ficou branco, e a Beedrill não poderia estar mais alegre.

 - Ah, é sério, Kenichi querido? Oh, como eu sonhei por esse dia! Sempre ouvi falar que o Cabo de Cerulean era um dos lugares mais românticos de toda Kanto, mas qualquer canto do mundo é perfeito com você, Kenichizinho, e agora poderemos aproveitar todo nosso amor!

 - Sai daqui! - Gritou ele, correndo pela praia, com Wanda em seu encalço.

Eles andaram por mais uma hora, até que a chuva surgiu de forma terrivelmente rápida, acertando-os em cheio. A noite se escureceu a ponto de Kari mal conseguir ver suas mãos, exceto por quando os relâmpagos cruzavam o céu negro. O forte vento quase lançava a garota para longe, e ela caiu na areia molhada várias vezes.

 - Eu acho que o céu está caindo! - Gritou Kari para Liz, cobrindo o rosto para proteger os olhos da chuva forte. Seus outros Pokémon haviam retornado para suas Pokébolas, mas Liz preferiu permanecer ao lado da treinadora, e agora pagava o preço por isso.

 - Não tem nenhum lugar para nos abrigarmos? - Gritou a Wigglytuff. Kari tentou ver mais à frente. Um raio transpassou o céu, e ela conseguiu visualizar uma pequena mansão ao fundo, no fim do cabo. 

 - Tem uma casa mais à frente! É nossa melhor chance! - Uma onda vinda do mar revolto quase as acertou, e elas começaram a correr. O vento forte era traiçoeiro, e Kari se viu jogada por ele várias vezes, até que finalmente alcançaram a mansão. A garota se jogou contra as portas duplas de madeira, encharcada e cheia de areia, e bateu forte. A chuva continuava caindo em cima delas.

 - Alguém? Alô! Tem alguém aí? - Ninguém respondeu. As gotas caíam nela que nem marretas, e Liz também não parecia muito melhor. Finalmente, a treinadora desistiu de esperar e tentou girar a maçaneta. Para sua surpresa, a porta estava aberta. Sem pestanejar, entrou na mansão.

Lá fora, a chuva continuava caindo.

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