sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Aurora: Capítulo 39 - O coração sempre diz a verdade


AURORA 
CAPÍTULO 39 - O CORAÇÃO SEMPRE DIZ A VERDADE

 Julie abriu a porta e a fechou atrás de si com um estrondo. A escuridão imediatamente a cobriu como um manto, mas ela não se importou. Arfava nervosamente, as duas mãos coladas à madeira às suas costas. Ao longe um trovão se fez ouvir, assustando a garota. Imediatamente seus olhos se encheram de lágrimas, forçadamente contidas para não se derramarem. Siga em frente, pensou ela com o rosto sofrido, tentando não pensar em Dom, seu companheiro. Abaixou um pouco a cabeça, trêmula, e buscou forças para continuar. Sophie ainda estava presa, se lembrou. E não seria salva se continuasse se recriminando. Assim, com muito esforço, Julie se descolou da porta, encarando o saguão à sua frente.

 Graças aos minutos lá dentro, seus olhos já estavam acostumados à escuridão do interior da torre. Conseguiu enxergar um aposento longo e vazio, composto de pedras negras imperceptíveis naquela iluminação e uma escada no fundo. De resto, não parecia haver mais nada. A membra da Aurora limpou as lágrimas com as costas da mão e avançou, sentindo a cada passo seus sentimentos mudarem de receio para o puro medo. Nenhum som se fazia na torre, exceto o abafado pisar na pedra. Lá fora, os trovões pareceram silenciar.

 Conforme subia os degraus, mais imersivas pareciam as trevas. Era difícil se acostumar àquela ausência de luz, mesmo tanto tempo lá dentro. Pensou em usar seus poderes de luz, mas seria um chamariz para quem estivesse lá. Assim, Julie seguiu com a mão encostada na parede, sentindo que a escada fazia uma curva de cento e oitenta graus. Se viu em outro aposento, mais escuro que o anterior.

 Nervosamente, ela se descolou da parede e deu alguns passos para frente. Não era possível enxergar a um palmo à frente do nariz, e haviam tão poucos sons que era como se estivesse surda. Tossiu um pouco, apenas para ter certeza que mantinha a audição. Alguns instantes depois, teve mais uma prova.

 - Julie? - Disse uma voz extremamente familiar. Sophie.

 Julie estancou, conseguindo enxergar um vulto do outro lado. - Sophie? - Sua voz soou fraca, e iluminou o aposento com sua mão. A luz era uma visão tão díspar que teve de fechar os olhos com aquele brilho. Quando voltou a abri-los, não conseguiu enxergar ninguém na escada, mas ouviu passos correndo para cima. - SOPHIE! - Gritou, desatando a correr. Ela havia se libertado? Se sim, pra quê estava fugindo dela? Estava tão concentrada nisso que nem percebeu a nova escadaria, caindo e ferindo as canelas e os braços que usou para se proteger. Ouviu gritos mais acima, e a adrenalina preencheu seu sangue com tanta velocidade que seu coração quase explodiu. - SOPHIE! - Engatinhou e voltou a se levantar, uma mão colada à parede e a outra iluminando o caminho. A escada voltou a fazer um giro, e um novo aposento se abriu.

 A garota desacelerou ao subir o último degrau, o pescoço girando para todos os lados. Haviam janelas naquele andar, tornando seus poderes inúteis. Os desligou para conversar a energia, dando passos nervosos para frente. - Sophie? - Chamou novamente, e também não houve resposta daquela vez. Os gritos da irmã continuavam ecoando em seus ouvidos, acompanhados pelas arfadas que Julie fazia para recuperar a respiração. Aquela sala era mais longa que as anteriores, e parecia haver uma figura deitada no fundo. Algo no peito da membra da Aurora se apertou, e ela desatou a correr.

 Na metade do caminho escorregou em um líquido no chão, caindo dolorosamente. Sentiu o queixo agonizar e o segurou com as duas mãos, tentando ver no que havia derrapado. Seus olhos se arregalaram. Sangue. Por um instante pensou que tinha vindo dela, mas a poça era tão grande que não teria como estar viva. Era de outra pessoa. Virou lentamente a cabeça para atrás, enxergando o vulto caído.

 Se levantou como se fosse um sonho. Seus passos não mais ecoavam, e seu coração parecia ter parado de bater. Identificou a figura de longe, mas se recusou a acreditar. Não era possível. Não era... real.

 Pois era Sophie quem estava deitada junto à parede, um enorme rombo sangrento em seu peito.

 Julie caiu de joelhos, sua mente ainda trabalhando efusivamente em provar que aquilo não era verdade. Procurou uma forma de dizer que aquele rosto, quase idêntico ao seu, era na verdade de outra pessoa. Que aqueles olhos verdes não eram da irmã. E que, por desespero, que aquele ferimento no lugar que pertencia anteriormente ao coração não era fatal. Só que a realidade vencia suas preces. Aquele era Sophie, sua querida irmã Sophie, a doce e inocente Sophie, que jazia morta.

 Era como se o cérebro de Julie tivesse cessado qualquer tipo de pensamento. Sua mão tremia loucamente, se aproximando dos cabelos da gêmea. O sangue havia respingado por todo o seu rosto, ainda paralisado em uma expressão de terror. Tentou afastar os curtos fios loiros da testa, como havia feito tantas vezes quando eram crianças. No entanto, não conseguia controlar os movimentos. Lágrimas começaram a encher seus olhos arregalados, os dentes rangendo com o esforço de não desmoronar. Acabou puxando a irmã para perto, aninhando sua cabeça em seu colo e fechando as pálpebras com força. Não, era a única palavra que se formulava em sua mente. Por favor, não. Convocou seus poderes inconscientemente, como se a luz pudesse de alguma forma curar as feridas.

 E naquele instante o corpo sumiu.

 Iluminada por seu próprio brilho, Julie abriu os olhos. Lágrimas ainda se derramavam por suas bochechas, mas a face já não era mais de dor, agora petrificada em assombro. O que havia acontecido? Olhou para os lados, procurando o corpo de sua irmã. Não estava mais lá.

 - Oh. - Disse uma voz nova, suave e rouca. - Então eu estava certa. - Quando a membro da Aurora virou a cabeça para trás, avistou uma mulher parada no centro do aposento. Trajava um longo vestido negro, tão grande que se amontoava aos seus pés. Sua face era pálida, um total contraste com a cor das roupas. Os olhos eram verdes e o nariz ligeiramente arrebitado, com o cabelo montado em um coque mais parecido com uma colmeia. Os braços esqueléticos estavam cruzados na frente dos seios, um dos dedos tamborilando lentamente a pele. Ela olhava para Julie com uma expressão calma e convencida, a boca fina terminando em um sorriso ligeiro.

 - Quem é você? - Perguntou a garota, se levantando com o apoio de um dos joelhos. Desligou os poderes e passou os dedos para limpar as lágrimas, sentindo uma ira latente começar a queimar. - O que fez com minha irmã? - Grunhiu as últimas palavras.

 - Eu sou a Dama dos Pesadelos. - Anunciou a mulher, cerrando ligeiramente as pálpebras e abrindo o sorriso. - Quanto à sua irmã... ela estava morta, não? Espero que tenha sido convincente.

 - Sua... - Julie explodiu, correndo na direção da outra com o punho cerrado. Estava prestes a dar um soco quando Sophie apareceu no lugar da mulher, o rosto aterrorizado. Julie freou e parou o ataque, e sua irmã girou o braço em sua direção. Sentiu uma lâmina deslizar um pouco acima de seu seio direito e subir até sair de seu corpo, o sangue espirrando para o alto. A garota tropeçou para trás e caiu, segurando o corte. Era bem fundo, os músculos e ossos eviscerados. Olhou para cima e viu a figura de sua irmã se transformar na Dama dos Pesadelos, o rosto sorridente.

 - Mais fácil do que eu esperava. - Declarou suavemente. Julie cerrou os dentes, os olhos ardendo em ira. A mulher percebeu aqueles sentimentos, e o sorriso se expandiu. - Algum problema, querida?

 - Sua... vaca... - Respirar era um ato difícil, truncando as palavras. A garota tentou se levantar, mas voltou a cair de joelhos. A Dama dos Pesadelos olhou para sua adaga manchada de sangue, pensativa.

 - Talvez seja a hora de uma abordagem diferente. - Ela desapareceu, e levou consigo as janelas. O quarto voltou a ser tomado pelas trevas, e Julie rapidamente acendeu sua mão livre. Estava claro que estivera cercada por ilusões. Sua mente trabalhou rápido enquanto olhava para os lados em busca da adversária. Parecia que conseguia anular aquelas alucinações com seus poderes, e isto a acalmou. Não havia como ser enganada agora, concluiu. Foi sua vez de sorrir, um sorriso débil no rosto suado. O sangue continuava pingando por entre os dedos que seguravam o ferimento, fechados em dor. No entanto, ainda tinha esperança.

 A primeira coisa que notou foram vultos vindo em sua direção. Jogou sua luz na direção deles com o braço livre, e antes que sumissem suas identidades eram reveladas em uma fração de segundo. Sophie, Koga, Sasha, Dominic... Julie juntava toda a sua concentração para não pensar no rosto assustado de seus amigos, instantes antes de desaparecerem. Sua raiva ia aumentando a cada companheiro, os dentes rangendo de fúria. - ISSO NÃO VAI FUNCIONAR! - Gritou para o vazio, sabendo que seria ouvida. - PODE MANDAR TODOS ELES, SUA COVARDE! NÃO VAI ME DERROTAR ASSIM!

 - Ah, não? - Riu a mulher, sua voz ecoando pelas pedras negras do aposento. - E que tal assim? - De repente o recinto se transfigurou, tornando-se um local mais familiar. Era o quarto em que havia ficado no Requianno da Estrada Verde, notou a membra da Aurora. As paredes eram de madeira clara e o teto um pouco baixo. Duas camas estavam prostradas no canto norte, e em uma delas estava uma cópia de Julie usando um pijama e com uma das mãos enfaixadas. Na outra estava Sophie, também usando roupas de dormir. Elas conversavam, e a Julie real sabia o que estava por vir.

 - Você é parte vital da Aurora, Sophie. Não se menospreze desse jeito. - Disse sua cópia. As memórias se equiparavam àquela cena, prevendo cada palavra antes mesmo de serem mencionadas.

 - Não, mas... - Começou Sophie, parecendo um tanto quanto nervosa. - Eu sinto que essa minha... essa minha fraqueza apenas puxa as outras pessoas para baixo. - Ela apertou a mão no peito, parecendo se agitar. - Você poderia fazer muito mais na guilda se não fosse por mim! Nos últimos dois anos não pegou quase nenhuma missão! Se eu fizesse alguma coisa, você poderia...

 Lá vem. - Somos uma dupla, irmãzinha. - Interrompeu a outra Julie, sorrindo pacificamente. - Se eu fiquei dentro da sede durante todo tempo, era para ficarmos juntas. - Naquele momento Sophie respirou fundo, os olhos se marejando. A Julie real ficou com um aperto no coração, observando com uma careta a irmã se deitar na cama com o rosto virado para o outro lado. Sua cópia apenas se deitou, observando o teto.

 - Será que você sabia o quão dolorosa seria essa frase? - Perguntou a Dama dos Pesadelos, a cena à frente se esvaindo para que a escuridão retomasse conta. - Eu encontrei sua irmã quando ela veio para cá. Você quase a destruiu.

 - Eu não... - Julie fechou o punho, mordendo o lábio. Ainda segurava o ferimento, mas ele não parecia mais doer. - Eu só... só queria protegê-la.

 - Ah, querida... - A mulher veio de trás, passando a mão por seu rosto. A garota pensou em afastá-la, mas sua irmã continuava em seus pensamentos. - Eu sei de suas intenções. Sua mente é um livro aberto para mim, eu sei que você só queria protegê-la. - Ela parou o movimento, sorrindo. - Só que eu também sei o que se passa na cabeça de Sophie. E suas palavras naquele dia a quebraram. Era tudo que ela não precisava ouvir, e você, justamente você, as disse. - Julie começou a tremer, e a Dama dos Pesadelos se aproximou de seu ouvido. - E ela a odeia por isso.

 - Sai! - Gritou a membra da Aurora, virando o corpo com raiva. Sua adversária se esvaneceu como a névoa, mas suas palavras não eram ilusões. No fundo, Julie sabia.

 - Agir com raiva não irá te ajudar em nada. Apenas afasta seus companheiros. - Novos vultos surgiram ao redor da garota, desta vez parados. Sasha, Stella, Amanda, Sophie... todos a observavam com... pena? Antes que pudesse decifrar suas expressões, eles deslizaram para longe, sumindo nas sombras e deixando-a sozinha. Enquanto isso, a Dama dos Pesadelos continuava. - Mesmo aqueles que você considera verdadeiros amigos... não resistirão por muito tempo. Você sabe disso. - Foi a vez de Koga e Dominic aparecerem ao seu lado. Julie tentou esticar a mão para Koga, mas ele sumiu com um sibilo. Atrás dela, Dom fez a mesma coisa. - Você sabe que isso vai acontecer. É seu destino, afastar aqueles ao seu redor. Sua mãe. Seu pai. Sophie. - A garota sentiu os joelhos tremerem. Tentou argumentar na sua cabeça que aquilo era tudo mentira, mas não havia como. Sabia que era verdade. Temia isso desde sempre. - Você os perderá, e fará isso querendo protegê-los. É o futuro que te aguarda. - A Dama apareceu à sua frente, mas não havia mais vontade de lutar em Julie. Ela apenas deixou a cabeça pender, o rosto contorcido para segurar as lágrimas.

 - Eu... - Tentou começar, mas a mulher havia se aproximado. Não havia se coberto com uma ilusão, mas não precisava. Julie não esboçou resposta. Não reagiu nem mesmo quando foi chutada no ferimento, caindo para trás com um grunhido. A Dama dos Pesadelos enfiou o sapato em sua ferida ainda aberta e a garota ofegou, as lágrimas se derramando.

 - Não se preocupe. Se morrer agora, todos a lembrarão de forma doce. - Ela puxou sua adaga, ainda manchada de sangue. - Estou te fazendo um favor. Lembre-se de mim no lar dos mortos. - Julie fechou os olhos, sem energia. Me desculpa, pediu para Sophie. O rosto da irmã surgiu em sua escuridão. Queria apenas me despedir direito. Queria que estivéssemos juntas, e que tivéssemos mais tempo. Só que eu estou aqui e você... e você...

 Naquele instante, Julie abriu os olhos.

 A adaga já estava a centímetros de seu coração, mas ela deu um chute no estômago da Dama dos Pesadelos, a jogando para longe. A arma caiu nas pedras com um som metálico, e a garota se levantou com um esforço renovado. - Hoje não vai ser o dia que irei morrer. - Disse, a voz tomando força a cada palavra. Não encarava sua adversária, o queixo colado no pescoço e a mão segurando a ferida que voltara a sangrar. - Hoje não. - Repetiu.

 - Acha que vai conseguir fazer as pazes com sua irmã? - Grunhiu a mulher, caída de costas e limpando o sangue da boca. - Ela a odeia! E nada que faça vai mudar isso!

 - NÃO IMPORTA! - Gritou Julie, interrompendo a outra. Ainda de cabeça abaixada, ela cerrou o punho livre, os cabelos tapando os olhos. - Eu sei dos meus pecados. Eu... sei que talvez afaste todos ao meu redor, mas isso não importa! - Ela levantou o queixo, encarando a Dama dos Pesadelos com uma vontade tão ferrenha que seu olhar brilhava. - Sophie ainda está presa, e não vou descansar até que a solte! E você NÃO VAI ME IMPEDIR! - Sua mão brilhou com tanta intensidade que parecia mergulhada no próprio sol. A mulher gritou, tapando o rosto, mas Julie não precisava fazer isso. Não era mais incomodada pela própria luz.

 - Não, não... - Ela tentou gerar mais ilusões, mas eram destruídas pelo clarão branco antes que conseguissem tomar forma. Rapidamente tateou até sua adaga, segurando-a com força. - Isso não vai adiantar em nada! Você a humilhou! A destruiu! A...

 - CALA A BOCA! - Julie enfiou o punho no rosto da mulher, o brilho de sua mão se intensificando com tanta força que houve apenas o branco. Ele se manteve por alguns segundos, e quando se esvaiu o aposento pareceu ainda mais cheio de trevas do que antes. A figura da Dama dos Pesadelos estava no chão, desmaiada, e o vulto da garota se mantinha em pé, curvada com dificuldades. Ela arfou, e quando pareceu se acostumar com a escuridão, espirrou uma cascata de sangue da boca.

 Tateou trêmula até suas costelas, onde a adaga de antes estava encravada no lado esquerdo, tão funda que não era possível enxergar a lâmina. Julie tentou retirá-la, mas o esforço a derrubou no chão, vomitando mais sangue do que antes. Seus olhos se arregalaram com o temor, o brilho se esvaindo à medida em que a adrenalina sumia do corpo. Ela procurou puxar a arma mais uma vez, mas só conseguiu deixar a mão apoiada na bainha. A poça que seu próprio sangue fazia se tornava cada vez maior, um filete correndo até onde seu rosto estava deitado na pedra negra.

 Grunhiu, procurando formar palavras, mas não era possível puxar o ar. Soltou alguns sons agudos, a boca abrindo e fechando. Sophie, tentava dizer para se levantar. Você precisa salvar Sophie. Precisava garantir sua segurança, e depois iriam procurar o pai, e então tudo ficaria bem. Só dependia dela.

 Com todas as forças que conseguiu reunir, esticou a mão para frente. Cravou seus dedos na rocha e tentou se arrastar, o rosto em agonia. Por favor. Tenho que salvá-la. Com uma dor excruciante, se arrastou alguns centímetros para frente, deixando um rastro de sangue no chão. Mais, mais, repetia, até mesmo a voz de sua mente se tornando mais fraca. Deslizou mais um pouco, não conseguindo respirar.

 Seus dedos estavam dobrados na pedra, tremendo, mas não conseguia mais chegar até eles. Não haviam forças no braço, por mais que tentasse procurar. Sophie... Lágrimas preenchiam seus olhos. Piscou para limpá-las, a água salgada pingando no sangue. Estava presa. Não conseguia sair dali.

 O desespero começou a tomar conta dela. Dominic estava morto e ela logo o acompanharia. A única esperança era... Koga. Koga. Se lembrou do rosto dele, sempre alegre em meio à tudo. Queria que ele estivesse ao seu lado agora. Provavelmente lhe diria que tudo iria ficar bem, e acreditaria nisso. Julie fechou os olhos com força, não conseguindo conter as lágrimas. Queria ter o beijado antes. Agora parecia muito tarde. Muito tarde para todo o resto.

 Por favor, orou, esperando que suas palavras chegassem ao companheiro. Salve Sophie. Queria muito conseguir fazer isso, mas chegou ao seu limite. Se lembrou da promessa que havia feito quando criança, de que sempre protegeria a irmã. Tremeu.

 E com isso, ficou imóvel.

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