sexta-feira, 28 de junho de 2013

RN Nuzlocke LG - Capítulo 32: O Melhor dos Líderes

RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 32: O MELHOR DOS LÍDERES

Kari estava parada em frente ao ginásio, admirando as gigantescas portas duplas que delimitavam a área do ginásio de Fuschia. Ela se aproximou para bater na porta, mas antes que fizesse isto os portões começaram a se abrir lentamente, revelando uma pequena garota parada na área interna.

- Meu pai está esperando você. Vamos. - Ela vestia um shozoku negro e decorado com uma longa capa rosa que era quase de seu tamanho. As duas caminharam pelas pequenas estradas de terra, se dirigindo até o prédio principal. - Foi você quem ajudou meu pai a acabar com os Rockets, não é? - Perguntou a garota.

- Sim. - Respondeu Kari. 

A garota não respondeu, apenas continuou andando. Chegaram até um prédio grande, com dois pilares decorados com Pokébolas dos dois lados da porta. A filha de Koga olhou para baixo e pareceu nitidamente envergonhada.

- Obrigada. - Grunhiu baixinho, e em seguida encarou Kari com um olhar ameaçador. A treinadora deu um passo para trás, assustada, até que a garota saltou para o alto, pulando na parede e em seguida para as árvores, sumindo de vista.

- Não se preocupe. Ela realmente está grata. - Disse uma voz perto da porta. Kari se assustou novamente e olhou para os portões, percebendo que eles estavam misteriosamente abertos. Na pequena fresta entre as portas, havia um homem alto e sério encarando-a com os braços cruzados. Koga.

A garota sentiu o clima ficar imediatamente tenso assim que o líder de ginásio a encarou, fitando-a através de seus olhos determinados. Kari fez de tudo para retribuir a sensação, e os dois não piscaram nesse tempo. A treinadora sentia o corpo tremer levemente, mas se esforçou para manter a expressão. Finalmente, Koga deu um pequeno sorriso, e entrou no prédio. Kari suspirou levemente, e o acompanhou.

A arena era composta de um piso semelhante a um tatame roxo, cercado por paredes altas. Koga estava do outro lado, em sua posição, silencioso como uma pedra. Kari se apressou para ficar em seu lugar.

- Como você percebeu, não sou um líder que irá ficar conversando com você. Meu trabalho é simples, independente do que você fez para Saffron. Irei, com todos os meios possíveis, te derrotar. Está preparada?

A garota sentiu o coração bater forte, e concordou com a cabeça. Koga balançou o braço e uma Pokébola surgiu magicamente em sua mão. - Desespere-se com o horror. Bakudan. - Um Koffing foi conjurado na arena.

- Sara, vá! - A Sandslash mal havia saído da Pokébola quando Kari gritou: - Como planejamos, agora! - Sua Pokémon saltou até o teto, arrancando pedaços do telhado em pleno ar e os jogando contra o adversário. Bakudan foi atingido em cheio, e antes que pudesse reagir Sara saltou em cima dele, se apoiando em uma das telhas que ainda estava em contato com o corpo do Koffing para se impelir novamente ao teto, desta vez fincando os dois pés na parte superior. Ela mirou por alguns instantes e se jogou contra Bakudan, girando o corpo em uma bola de espinhos e o acertando com força, fazendo-o desmaiar.

- Interessante. - Foi tudo o que Koga disse, e agarrou outra Pokébola. - Doku-numa, mostre a ela o verdadeiro terror do ginásio de Fuschia. - Um Muk apareceu no local, e se moveu lentamente até o centro. Kari recuou Sara e liberou Liz para a batalha.

- Liz! O golpe que treinamos! - A Wigglytuff colocou as mãos nas têmporas, e uma onda de choque rosa se originou da região de seu crânio para acertar o Muk, que recuou disforme.

- Doku-Numa. Se minimize. - Ordenou Koga. A substância que formava o corpo de seu Pokémon se alterou, e ele diminuiu drasticamente de tamanho. Kari arregalou os olhos ao perceber que a cor do Muk era igual à do tatame, fazendo-o se camuflar completamente na arena. Engoliu em seco

- Liz, tente de novo!. Sua Pokémon até tentou, mas não tinha certeza de que tinha acertado. 

- Se minimize novamente. - Disse a voz de Koga. Se já estava difícil acertá-lo antes, desta vez era pior. Liz chegou a tentar atacar novamente, sem resposta. - Agora. Ataque. - Um jato de veneno acertou a Wigglytuff no rosto, fazendo-a tombar para trás.

- LIZ! - Gritou Kari, se virando para Koga. - Isso é trapaça!

- Trapaça? Como eu disse, garota, estou aqui para derrotá-la de todas as formas que consigo. Se não consegue me vencer apenas pela cor que pinto o piso, temo que não sirva para ser a Campeã. - A treinadora rangeu os dentes, sentindo o corpo tremer. - Ah, e lembre-se de uma coisa. - Continou o líder de ginásio. - Embora meu Pokémon esteja com seu tamanho diminuído, seus golpes não perderam a força. Como sua Wigglytuff pode notar.

- Liz, você está bem? - Perguntou Kari. A Pokémon se levantou com dificuldade, e a garota percebeu a expressão abatida dela.

- Eu... não sei. Me sinto doente. - A treinadora sabia o que isto significava. O golpe de Koga havia envenenado Liz, e agora a batalha havia se tornado muito mais difícil.

- Liz, tente de novo! - Gritou a garota, sentindo o tom de desespero em sua voz. Novamente, a Wigglytuff tentou, e novamente não obteve sucesso. Outro jato de veneno a acertou pelo lado, fazendo-a cair com força no chão. Kari sentiu o coração parar de bater por alguns instantes, até perceber que a sua Pokémon tremia lentamente. - Volte! - Exclamou, recuando Liz para a Pokébola.

- Hmpf. - Koga fez um muxoxo, ao qual Kari reagiu grunhindo os dentes. Percebia agora a verdadeira dificuldade em lutar no ginásio de Fuschia. Seu líder sabia utilizar o ambiente.

- Sara, acabe com ele. - A Sandslash foi liberada novamente, e ela voltou a saltar para o telhado, esquadrinhando a arena atentamente. Um jato de veneno a acertou do chão, e ela quase caiu de onde estava. No entanto, Sara limpou a mancha roxa com as costas das garras e disse em voz baixa:

- Achei. - Ela se impulsionou para o piso, girando o corpo novamente em uma bola de espinhos. Acertou uma área específica do chão, e Kari percebeu aliviada que pequenas manchas roxas voaram pelo ar nos segundos seguintes ao impacto. 

- Saia daí. - Disse Koga com a voz séria. Um jato de veneno saiu da região embaixo de Sara, que voou longe pelo golpe. O líder de ginásio aproveitou o momento para jogar um pequeno frasco pelos ares, que caiu bem em cima de seu Pokémon.

- O que pensa que está fazendo? - Gritou Kari. 

- Pelas regras delimitadas pela Liga, eu posso utilizar de itens limitados para a cura de minha equipe. Se quiser, quando sair daqui leia o que precisar. - Kari sentiu o sangue ferver. Olhou de relance Sara, e se assustou ao ver que ela estava com a mesma expressão doente de Liz. Havia sido envenenada também.

- Sara, sem descanso! - A Sandslash se levantou, e voltou ao teto. Mirou o adversário e se jogou contra ele, acertando-o novamente. Sem nem oferecer um segundo de descanso, ela saltou para cima de novo, voltando a atacar o Muk.

- Doku-Numa, a armadura. - Disse Koga. Sara subiu ao teto novamente, voltando a atacar o adversário. Desta vez, no entanto, as poças roxas não voaram.

- Sara, você o acertou? - Antes que a Pokémon de Kari respondesse, ela foi impulsionada para o alto por um novo jato de veneno, caindo pesadamente de costas no chão. A garota a encarou, apavorada, vendo o pequeno tórax da Sandslash subindo e descendo como um foile em busca de ar. - Volte! - Gritou, recuando-a para a Pokébola.

- Quantos Pokémon você prefere sacrificar antes de assumir a derrota? Pois se sua Wigglytuff ou sua Sandlsash retornarem, elas serão derrotadas antes de qualquer ação. - Disse Koga. Kari mordeu a língua, contendo uma resposta mal-educada, se pondo a pensar furiosamente. Ele tinha razão, concluiu, não poderia jogar toda a sua equipe na arena de qualquer jeito. E Koga ainda tinha dois Pokémon não usados. Ela precisaria de alguém que pudesse achar o Muk sem precisar dos olhos, mas para isso precisaria de um... radar?

- Zelda, eu escolho você! - Gritou, liberando sua Golbat. Pôde ver uma minúscula reação nos olhos de Koga, e isso foi o suficiente para angariar confiança novamente. - Acabe com ele! 

Um outro jato de veneno a acertou, mas a Golbat nem se importou. Voou de forma rasante e abriu a boca, provocando um ruído agudo. Kari notou uma substância roxa se remexer no tatame, e ela sentiu o coração bater mais forte.

- Ali! - Gritou, apontando para a região. Zelda voou em um círculo, acumulando energia para atacar com força o Muk, fazendo-o voar para longe com sua asa. O corpo do adversário se espatifou na parede, e ele ficou claramente incapaz de continuar lutando.

- Kyu, vá! - Disse Koga, lançando outro Koffing à arena. Kari recuou imediatamente sua Golbat, e segurou uma Pokébola com força. Precisava acabar com isso da forma mais rápida possível, pensou. Não poderia deixar o adversário ter chance de formular uma estratégia.

- KENICHI, ACABE COM ELE! - Gritou, conjurando seu Charizard para a batalha. Ele respirou fundo e projetou uma violenta rajada de chamas, envolvendo o Koffing por inteiro. Quando terminou, o adversário estava caído no chão, derrotado.

- Daburu! - Pela primeira vez na batalha, Kari notou a apreensão na voz de Koga. Ele lançou um Weezing para a arena, e a garota sabia que era seu último Pokémon.

- Kenichi, você sabe o que fazer! - O Charizard soltou outra onda de chamas, e o Weezing liberou uma fumaça negra e densa na arena, encobrindo a visão de Kari e seu Pokémon. no meio da escuridão, a treinadora ouviu o som dos frascos de Koga, e percebeu que o Daburu estava cem por cento novamente. - Ele se curou! Kenichi, não deixe ele atacar!

Kenichi girou a cabeça e atacou uma área ampla, e os dois ouviram o som do Weezing ferido em resposta. O Charizard em seguida respirou fundo, inclinando o corpo para trás enquanto arqueava as asas. Enquanto ainda segurava a respiração, ele as jogou violentamente para a frente, e o deslocamento de ar decorrente limpou a arena da fumaça, revelando o solitário Weezing. 

- ELE ESTÁ ALI! - Gritou Kari. O Charizard se virou e soltou todas as chamas que estava contendo, acertando quase um quarto da arena com seu golpe. As chamas rebeldes engulfaram o  adversário e quase derretaram as paredes do prédio, preparado meticulosamente para Pokémon de fogo. Quando as labaredas se extinguiram, o Weezing estava em um canto, derrotado.

Um som de palmas preencheu o recinto, e a garota se virou para ver Koga aplaudindo lentamente. - Você provou o seu valor de forma exemplar. - Disse ele, balançando o braço. Um pequeno objeto foi lançado contra a treinadora, que o agarrou em pleno ar. Quando ela abriu a mão, viu que era um artefato parecido a um coração com um risco no centro. - Esta é a Insígnia da Alma. O interior dos meus adversários é algo que eu valorizo muito. E acredito que você tenha o necessário para seguir em frente em sua viagem.

- Obrigada. - Disse Kari. Ela e Koga se inclinaram em respeito e a garota saiu, sentindo um peso sair de suas costas. Os dois piores treinadores haviam passado, e ela havia os vencido com louvor. 

Agora o Ginásio fechado de Cinnabar estava em seu caminho.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

RN Nuzlocke LG - Capítulo 31: Poderes psíquicos

RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 31: PODERES PSÍQUICOS

Kari e sua equipe estavam andando pelos corredores do ginásio de Saffron, cercados pelas paredes roxas e azulejos azuis que decoravam o piso. Sabrina estaria esperando em uma das salas, segundo o porteiro do edifício. Enquanto caminhavam, Kari fitou Kenichi, que seguia à frente silencioso. Ele havia ficado assim durante o mês de treinamento, e embora a garota respeitasse o luto do companheiro, estava começando a ficar preocupada. Havia esperado que ele melhorasse quando estivesse prestes a lutar novamente, mas essas esperanças pelo visto tinham sido desperdiçadas. Caminhou um pouco mais rápido, se colocando ao lado do amigo.

- Kenichi... você está bem? - Não houve resposta do outro lado. - Acredite, eu sei como você se sente. Wanda também estava comigo quase desde o início, e --

- Kari. Você não sabe. - Ele virou a cabeça, encarando-a sem emoção nos olhos. - Desde que eu me dou por gente, Wanda me empentelhava. Nos conhecemos bem cedo. Sempre tentei me afastar dela, mas nunca disse... esqueça. - Ele voltou a cabeça para frente. - Por favor, me utilize na batalha contra Sabrina. Preciso desanuviar a cabeça, e não conheço jeito melhor do que numa luta.

A garota concordou com a cabeça, triste. Era estranho ver o Charizard do jeito que estava. Rezou para que ele voltasse ao normal com a batalha. Não teve muito mais tempo de pensar nisso, pois haviam chegado à arena ao atravessar uma imponente porta dupla de vidro automática. Estavam no topo de uma escadaria que terminava em uma grande área com o símbolo da Pokébola no centro. Do outro lado existia apenas uma pequena escadaria em caracol que dava em um corredor apertado. Sabrina estava parada na entrada dessa galeria, olhando calmamente Kari descer, de braços cruzados.

- Tive uma visão de sua chegada, Kari. - Anunciou a líder de ginásio.

- Bem, espero que tenha terminado com a minha vitória. - Riu a garota. Sabrina sorriu em resposta, e começou a descer os degraus com a mão direita deslizando pelo corrimão.

- Eu prefiro não verificar isso. O futuro é uma coisa bastante volátil, e se eu prever algo que dependa de mim, talvez isto não seja verdade no fim das contas. Pode parecer estranho, mas acredite: estudei o bastante para compreender isto. Meu próprio ginásio serve como uma instalação de pesquisa. Tenho esses poderes desde criança, e usei o dinheiro que recebo da Liga para manter este lugar. Videntes de toda Kanto vêm para cá treinar suas habilidades, e se aprofundar nos mistérios da mente. - Ela terminou o discurso abrindo os braços, e as luzes se ligaram neste exato momento. Kari tapou os olhos com a mão e, quando voltou a enxergar, viu que a equipe de Sabrina já estava ao lado dela. Haviam um Alakazam, um Mr.Mime, um Venomoth e um Kadabra. Todos encaravam sua equipe com olhares ameaçadores. - Embora você tenha prestado um serviço imensurável à minha cidade, receio que não irei... pegar leve. O meu orgulho como líder de ginásio é maior do que minha gratidão.

- Eu não esperava o contrário. - Disparou Kari, se posicionando em seu lugar na arena. Sabrina juntou as mãos, e seus longos cabelos começaram a esvoaçar. As luzes falharam por alguns segundos, e todo o ambiente parecia se encher de vento. Kari arregalou os olhos e protegeu a cabeça até o fim do evento, quando a líder de ginásio deixou a cabeça pender no peito. Um segundo se passou, parecendo eras, e ela voltou a erguer o queixo, a encarando sem nenhuma serenidade anterior e com uma expressão muito mais séria e focada.

- Irei-lhe mostrar todo o meu poder, Kari. - Até sua voz soava diferente. A garota engoliu em seco e agarrou uma Pokébola, tentando se controlar. Respire, pensou ela. São jogos de luzes e vento. Ela precisaria mostrar seu potencial no combate, onde jogos mentais não seriam o suficiente.

- Vá, Zelda!

- Lucius! - A Golbat e o Kadabra dispararam um contra o outro.  Antes que o outro Pokémon fizesse algo, Zelda se adiantou e o mordeu no pescoço. - Dê a ela um gosto do futuro!

Os olhos do Kadabra brilharam em roxo, e Kari sabia o que isto significava. A memória da batalha com Gary ascendeu em sua mente, e ela sentiu o gosto amargo do medo em seus lábios. Precisava terminar essa batalha rápido.

- Morda ele logo, Zelda! - Sua Pokémon se adiantou e voltou a morder o pescoço do Kadabra, desta vez fazendo-o desmaiar. A treinadora aproveitou o momento e recuou a Golbat, temendo que o golpe futuro viesse para ela. 

- Isso que eu sinto é... medo, Kari? - Perguntou calmamente Sabrina, chamando seu Mr. Mime para a arena. A garota sentiu o sangue ferver, e tateou seu cinto em busca de uma Pokébola.

- Agora não é mais. - Kari conjurou sua Sandslash, que pisou com os dois pés no centro do campo de batalha. - Sara, como treinamos! Pelo alto!

Sua Pokémon saltou ridiculamente alto, ficando de ponta-cabeça para apoiar os dois pés no teto. Ela olhou para baixo, mirando o adversário, e saltou de encontro a ele, girando o corpo para virar uma bola rotatória de espinhos. Acertou o Mr.Mime em cheio, derrubando-o.

- O que acha disso agora? - Perguntou a garota. Sabrina levantou minimamente a sobrancelha, inclinando a cabeça para sua Venomoth avançar.

- Seu tempo acabou, Kari. - Sara encarou o Pokémon inseto que se aproximava, e de repente um raio roxo foi conjurado no ar e acertou a Sandslash, que foi derrubada.

- SARA! - Gritou a treinadora, quase se adiantando para vê-la. Sara se levantou com dificuldades do golpe, mas Kari não estava no clima de arriscar. Recuou sua Pokémon e conjurou Kenichi. - ACABE COM ELA RÁPIDO, KENICHI!

O Venomoth o acertou antes com um estranho raio rosa, mas o Charizard soltou uma imensa rajada de chamas, que quase pôs fogo em toda a arena. O adversário caiu, sem nenhuma chance de reação.

- Acho que agora é a hora de colocarmos os pesos-pesados em campo, não? Lars, sua vez. - O Alakazam se adiantou, projetando uma aura de imponência ao seu redor. Kari fez Kenichi recuar, visto que ele já havia soltado tudo que tinha. 

- Na verdade, agora é a hora de estrear certas pessoas. Sophie, mostre para ela! - Uma Lapras saiu da Pokébola, e pousou com força na arena. Ela olhou para os lados, franzindo a testa, até se virar para Kari.

- Sério? Não há uma poça d'água aqui e mesmo assim você me chamou? Qual é o seu problema, garota? Qual a parte de eu ser uma Pokémon que vive majoritariamente nos oceanos você não entendeu? Tem dificuldades de aprendizado? Sua mãe te deixou cair do berço? 

- Eu... - A garota estava esperando uma reação assim, mas foi pega de surpresa de qualquer jeito. - Você não disse que queria participar de uma batalha de ginásio?

- Sim, mas eu realmente preciso sublinhar tudo que eu falo para você? Me diga, como eu vou me movimentar aqui? Não vá esperando que eu role para desviar dos ataques, não? Sinceramente, como você espera ser a Campeã se comete erros tão grotescos? Sabe, --

- Lars, por favor acabe logo com isso. - Ordenou Sabrina. O Alakazam conjurou um raio rosa de suas mãos e o lançou contra a Lapras. Sophie recebeu o impacto e se virou, irada, lançando um jato de gelo contra o adversário.

- Você tem um problema de má-criação, sua inconsequente? Eu estou no meio de um discurso, e mesmo assim você me ataca? Onde foi criada, em uma fazenda? Escute aqui, eu estou ensinando à minha treinadora que o ideal é que eu fosse conjurada em cenários com uma quantidade suficiente de água para me deslocar. Só que o problema também é seu. Que tipo de líder de ginásio é essa que não oferece um local próprio para Pokémon aquáticos lutarem? Sua falta de consideração me enoja.

- Oh, céus. - Suspirou Sabrina, e seu Alakazam voltou a atacar a Lapras, que voltou a contra-atacar com o raio de gelo, desta vez derrubando de vez o adversário.

- Eu não acabei. Veja -- No entanto, Kari a fez voltar para a Pokébola. Isso provavelmente vai ser mais complicado do que eu pensei, concluiu a garota, que se voltou para a líder de ginásio. Sabrina estava balançando a cabeça, e um singelo sorriso emanava de seu rosto.

- Seus métodos são heterodoxos, Kari. Só que isso, de alguma forma, te favorece. Parabéns. - Ela retirou uma pequena caixa metálica do cinto, e a abriu para a garot.a - Você conquistou a Insígnia do Pântano. - Um pequeno ornamento estava dentro do recipiente, e se assemelhava a um disco redondo dourado, com um outro círculo desenhado em seu interior. A treinadora pegou a insígnia, se sentindo aliviada e feliz ao mesmo tempo.

- Obrigada.

- Não agradeça ainda. Seu maior desafio ainda está por vir. Koga é o melhor líder de ginásio de Kanto, e seu renome é tão grande que, assim que a Elite dos Quatro abrir novas inscrições, ele é o mais cotado. Saiba disso.

- Eu sei. - Ela sentia algo se remexendo em seu estômago, mas mesmo assim estava esperançosa. Sabrina captou esse brilho no olhar da garota, e sorriu novamente.

- A propósito, eu havia previsto minha derrota. Mesmo assim, dei o melhor de mim. Estou sinceramente surpresa em ver o quanto você evoluiu, Kari, e espero poder assistí-la no Platô Indigo.

- Você previu isso? - Zombou a treinadora.

- Todos nós temos alguma espécie de poder psíquico, Kari. É algo que aprendi em meus anos de pesquisa. No entanto, a arte de prever o futuro é uma das mais difíceis de se entender. Eu não enxergo cenas, mas sim sentimentos, e mesmo assim eles são facilmente alterados. Portanto, se você realmente quiser que seu futuro se concretize, a única pessoa capaz de fazer isto acontecer é você mesma.

A garota sorriu, e se despediu de Sabrina. Ela voltou às ruas de Saffron, respirando o ar poluído da cidade e absorvendo seu caos natural, enquanto tentava se focar no próximo objetivo.

Pois Koga, líder do ginásio de Fushcia, seria o maior desafio até agora.

sábado, 22 de junho de 2013

RN Nuzlocke LG - Capítulo 30: Vitória Sombria

RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 
CAPÍTULO 30: VITÓRIA SOMBRIA

Kari respirava aliviada, alheia aos movimentos do lado de fora do corredor. Um Rocket havia se arrastado até a porta do lado de fora, sobrevivente da luta dos andares abaixo. Ele segurava um braço dormente, e se locomovia lentamente até a grande porta dupla da sala do Presidente. Em seus dentes, havia um controle de formato cilíndrico, e um grande botão vermelho em uma das extremidades. Ele havia recebido o objeto de seu líder quando o homem desceu as escadas, parecendo extremamente agitado. Sua ordem era clara: aperte o botão o mais perto possível da sala do presidente. E assim o Rocket se encaminhava, encostando as costas na porta. Ele se sentou, ofegante, cuspindo o objeto. Seus dedos deslizaram pelo botão, enquanto ele se questionava sobre o objetivo deste ato. No entanto, sua convicção impediu qualquer ação contrária.
  - Salve os Rockets. - Ele apertou o botão. Em toda Saffron pôde-se ouvir a explosão, e milhares de cabeças se viraram, alarmadas, vendo um dos andares do famoso arranha-céu da Silph arder em chamas. Houveram gritos e comoção, enquanto dois líderes de ginásio corriam até o edifício. Ninguém soube o que realmente aconteceu ali, e apenas um rosto sorria no meio do caos. Um homem de terno negro, andando rapidamente entre as ruas, com a satisfação da vingança em seus lábios.
  Se passaram dias desde o evento agora conhecido como “Ofensiva Rocket”. Kari abriu os olhos, sentindo o corpo dormente. Se viu em um leito de hospital, e uma figura familiar apareceu em seu campo de visão.
  - Kari. Graças a tudo que é mais sagrado, você está bem. - Disse Koga, saindo do quarto em seguida. Ele retornou alguns minutos depois, enquanto a garota ainda recobrava a consciência, voltando com o professor Carvalho e Sabrina.
  - Ah, Kari. Onde você se meteu? - Disse Carvalho, colocando a mão em sua testa. Ela ainda estava grogue, impedindo-a de responder.
  - A garota é uma heroína. A queda dos Rockets está toda em suas mãos. - Disse calmamente Sabrina, se apoiando na parede.
  - E por qual motivo então vocês dois receberam os créditos? Não há uma menção a ela nos jornais!
  - Pelo mesmo motivo pelo qual o senhor decidiu não alertar a mãe dela. – Disse Koga. - É tolice pensar que todos os Rockets foram presos, e que não há mais nenhum em liberdade. Se dissermos que uma civil contribuiu com a dissolução deles, seria ingênuo pensar que eles não retornariam em busca de vingança. Eu e Sabrina podemos nos virar, ela não. Espero que você não se importe com isso, garota. - Kari levou a mão à cabeça, apalpando bandagens secas.
  - O... o que houve? - Os três adultos se entreolharam, e Carvalho começou a falar.
  - Haviam... bombas no lado de fora da sala do presidente da Silph. Eu não sei o que aconteceu lá, mas elas explodiram. Achamos vocês nos escombros. Você tem uma idéia do que aconteceu?
  - Eu... - Ela levou as mãos às têmporas, tentando se proteger da dor de cabeça que sentia. Sabrina se aproximou, e pousou sua palma na testa da garota.
  - Acalme-se. Agora que está consciente, eu posso extrair as informações sem esforço por sua parte. Deixe-me ver... - A líder de Saffron inclinou a cabeça, fechando as pálpebras no processo. - Houve uma batalha. Você não sabe quem era o homem com quem batalhou, por isso não consigo identificá-lo. No entanto, tudo leva a crer que era o líder dos Rockets. Você o derrotou, e depois...estranho. Você estava bem perto da parede, como as bombas não te jogaram para fora do prédio? Koga. - Ela parou, se virando para o outro homem. - Precisamos conversar.
  Os dois foram para um canto, enquanto Carvalho ficou sozinho com a garota, que sentia as memórias voltando para o lugar. - Professor, eu... eu vi Gary.
  - Gary? Ah, graças a tudo que é mais sagrado. Não tenho respostas do garoto há meses. Ele estava bem? - Kari tentou responder a verdade, mas ao ver o rosto esperançoso do homem mais velho, recuou.
  - Ele... ele estava bem. Saiu um pouco antes da luta.
  - Professor. Temo que devemos contar a verdade pra ela. - Disse Koga. Os dois voltaram a se aproximar, e Kari viu o rosto de Carvalho ficar sombrio.
  - O que houve? - Perguntou a garota, sentindo a apreensão tomar conta do ambiente.
  - Kari, havia algo estranho no lugar em que te encontramos. Você estava bem perto do epicentro da explosão, e mesmo assim não havia sofrido os danos correspondentes. Suspeitávamos de um elemento extra, e agora sabemos como ele ocorreu. - Disse Koga, de forma séria.
  - Seus outros Pokémon estavam espalhados, mas um estava bem próximo de você, parecendo empurrá-la junto com sua Jolteon em direção ao centro da sala. Você se lembra de alguém próximo a você, com capacidade de fazer isso? – Perguntou Sabrina.
  - Eu não... Sakura estava perto de mim, acho, mas vocês acabaram de dizer que ela também foi arrastada
  - Todos os seus outros Pokémon estavam longe, então?
  - Não... Apenas cinco lutaram. Deixei Wanda na Pokébola, porque ela não precisava entrar naquela luta. - Ela percebeu a expressão sombria se intensificar no rosto dos outros.
  - Wanda era... a Beedrill, correto? - Perguntou Koga.
  - Sim... como assim, “era”? Já disse, ela estava na Pokébola. Nem sequer entrou na luta.
  - Kari... - Começou o professor Carvalho, apoiando sua palma na mão da garota. - Encontramos Wanda morta.
  O choque bateu na treinadora e a imobilizou, a deixando incapaz de pensar ou agir em resposta. Seus olhos se arregalaram, e o coração parou de bater. Não era possível, pensou. Ela estava fora da luta.
  - Tudo nos leva a crer que ela estava te impedindo de cair do prédio, Kari. - Disse Sabrina. - Achávamos estranho quando encontramos a cena, mas tudo faz sentido agora. Pela sua posição, você iria ser jogada para a frágil parede de vidro com o impacto dos explosivos. Pelo que entendi, ela saiu da Pokébola e te protegeu da explosão, salvando-a. Infelizmente, isso pôs a Beedrill na...
  - Onde estão meus Pokémon? - Perguntou a garota, sentindo a raiva tomar conta de si. Eles não entendiam, não? Wanda estava fora da luta.
  - Estão aqui. - Carvalho estendeu seu cinto a ela, e ali estavam cinco Pokébolas. A treinadora puxou o objeto com força de sua mão.
  - Agora, saiam. Kenichi irá matá-los caso descubra que estão mentindo sobre algo tão terrível. E eu não vou contê-lo.
  - Kari, eu... - O professor tentou argumentar, mas Koga pôs a mão em seu ombro, balançando negativamente a cabeça. Os três saíram lentamente, enquanto a garota os encarava, furiosa. Foi apenas quando a porta bateu que ela liberou seus Pokémon na sala.
  - Onde está Wanda? – Perguntou a treinadora. Kenichi se arrastou até o outro lado da sala, de costas, enquanto os outros quatro se posicionavam tristemente ao redor da cama.
  - Kari, eu... temo que ela – Começou Sara, mas a garota a impediu,
  - Vocês também caíram nessa? Gente, Wanda estava na Pokébola. Mesmo se ela saiu, o impacto não seria o suficiente para matá-la. Vocês não sofreram isso.
  - Sim, mas... Ela recebeu um ataque que não pudemos calcular de onde veio. Era um raio roxo, que literalmente se materializou do nada. – A mente de Kari deu um salto, e ela se lembrou do ataque futuro do Alakazam de Gary. Ele havia acertado seu alvo, mesmo com tanto tempo depois? A garota encarou sua equipe, passando de rosto em rosto. Sara encarava o chão, sem conseguir mais falar. Liz chorava baixinho, enquanto Zelda se apoiava tristemente no canto da cama. Sakura havia se recolhido para ficar embaixo do sofá, e Kenichi... ainda não havia se virado. O coração da treinadora pareceu parar por alguns instantes.
  - Não... não pode ser. Eu... – Ela envolveu a cabeça com as mãos. – Wanda, ela... Nós estamos juntas há tanto tempo. Não... não era pra ser assim. Seríamos campeãs juntas. Nós... oh, céus... – Era como se conseguisse materializar a Beedrill à sua frente, fazendo algum comentário zombeiro e tentando perturbar Kenichi. Nunca mais iria ver aquilo? – Por favor, não... – Kari sentiu as lágrimas descerem copiosamente pelo seu rosto, e sua garganta deu um nó tão grande que nenhuma palavra conseguia ser libertada. Ela ficou ali, chorando silenciosamente, sem conseguir aceitar o que havia acontecido.
  Os dias se passaram, tão rápidos que não podiam ser calculados. Tudo que Kari fazia era encarar a janela mais próxima, sem falar com ninguém. Carvalho, Sabrina, Koga, todos ficavam lá mas não conseguiam uma resposta. Eis que, em um dia, um novo rosto apareceu na porta.
  - Kari? Eu... peço perdão pelo meu atraso. – Era Fuji, que carregava uma Pokébola e uma caixa metálica nas mãos. A garota não respondeu, esperando o homem mais velho se arrastar até ela. Sakura estava em seu colo, apoiando tristemente sua cabeça em seu peito enquanto a treinadora coçava distraidamente sua cabeça.
  - Eu... não consigo imaginar o que esteja sentindo. É terrível perder alguém assim, de forma tão...
  - Fuji, o que você quer? – Interrompeu a garota. O homem pareceu surpreso, e apoiou seus dois presentes na cama.
  - Estou aqui, além de ver como você está, em nome do presidente da Silph. Ele infelizmente não pôde vir pessoalmente, então me pediu para lhe entregar essas duas coisas. – Ele segurou a Pokébola, girando-a distraídamente na mão. – Essa é Sophie, uma Lapras premiada. O presidente decidiu te entregar e...
  - Se acham que vou substituir Wanda, podem levá-la de volta. Eu não quero.
  - Kari, nunca pensamos nisso. Apenas pensamos que, caso você queira chegar a Cinnabar para seguir a liga, precisará de um meio de transporte. E, como diriam os antigos, nada melhor que uma Lapras.
  - A Liga. Eu... não pensei nisso desde... Fuji, eu não sei se consigo mais fazer isso.
  - Kari, sinto-lhe dizer, mas este é um pedido nosso. Por favor. – Ela o encarou, e percebeu lágrimas em seus olhos. – Já te colocamos em uma briga que não era sua. Causamos indiretamente a morte de um membro de sua equipe. Por favor. Tudo que não queremos é destruir seu sonho.
  Kari ficou o encarando, sem saber o que dizer. Finalmente, aceitou a Pokébola. – Obrigada, eu... eu vou continuar.
  - Ótimo, ótimo... – Fuji enxugou os olhos com as costas da mão, e segurou a caixa metálica. – Agora, este é um resquício muito importante. Veja, depois dos acontecimentos de semana passada, o presidente decidiu abolir qualquer menção ao programa Master. Creio que vários protótipos acabaram sendo contrabandeados para outras regiões, como Karos, Unova, até mesmo Johto. No entanto, ele queria que você ficasse com isso. – Fuji abriu a caixa, revelando uma estranha Pokébola roxa e vermelha, com um “M” bordado em prata no topo. – Chamamos ela de Masterbola.
  - O quê? Não disseram que ela era ilegal?
  - Kari, infelizmente há coisas que você não sabe sobre os Rockets. Veja, quando fui contratado por eles, estávamos a procura de um Pokémon lendário. Sabe o que é isso?
  - Sim. Não há nenhuma prova de que eles existam, exceto em lendas. Que eu saiba, as mais comuns são sobre a Trindade dos Pássaros, certo? Articuno, Zapdos e Moltres.
  - Sim, correto. No entanto, há algo a mais. Veja, há anos que certos grupos buscam por esses frutos de lendas, e recentemente há uma procura mais forte em diversas regiões do mundo. Houve uma grande explosão em Hoenn recentemente que atribuíram a Groudon, o lendário Pokémon Continente. O poder deles é imensurável, e já era tempo de criminosos buscarem eles a seu bel-prazer. Antes de eu saber disso, os Rockets me chamaram para procurar Mew, e como você sabe, eles se adquiriram dos pêlos dele. Há alguns meses, houve uma explosão em Cinnabar, e relatos dizem de uma criatura saindo de lá. Desde então, os Rockets intensificaram suas atividades. Não creio que os dois atos não estejam interligados, Kari. Essa Masterbola é um instrumento de proteção para você. Caso encontre a tal criatura incrivelmente poderosa, use-o sem piedade.
  Kari girou a esfera nas mãos. – Eu... entendo o que o senhor quer dizer. Você acha que vou encontrá-lo?
  - Tudo o que sei era que o projeto Master parecia ser a única esperança do líder dos Rockets. O que me leva a crer que a criatura é tão poderosa, que não havia a chance de lutar com ela. Sobre suas chances de encontrá-lo... não podemos correr riscos.
  - Certo. – Ela voltou a encará-lo. – Obrigada.
  - Não me agradeça. Não ainda. – Ele se levantou, e se aproximou da porta. – Temo que agora só nos encontraremos no Platô Indigo, Kari. Estarei esperando você se tornar Campeã. Nunca encontrei ninguém que estivesse mais predestinada a isso do que você. – Ele saiu, deixando a garota com seus próprios pensamentos. As duas Pokébolas estavam em suas mãos, significando coisas imensamente diferentes.
  Um mês se passou desde aquele dia, e Kari estava parada em frente ao ginásio de Saffron, com as mãos nos cabelos para protegê-los do vento forte. Se virou para seus Pokémon, e disse: - Hora de mostrar todo o nosso treinamento, rapazes. Hoje é o dia em que voltamos ao caminho da Liga. E iremos passar por ela, assim como todos os outros. – Assim que disse isso, entrou no ginásio, com uma estranha sensação em sua mente.
  De algum modo, sabia que Sabrina estava a aguardando.


quarta-feira, 19 de junho de 2013

RN Nuzlocke LG - Capítulo 29: O líder

RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 29: O LÍDER

- Acabem com eles. - Disse Kari, e seus Pokémon derrubaram os dois Rockets solitários em frente à uma bela porta dupla de madeira. Os ladrões caíram no chão, se arrastando no corredor branco antes de caírem no carpete roxo. Um deles desmaiou, mas o outro pareceu acordado, e a garota o segurou pelo colarinho. - Deixe-me adivinhar. Seu líder está atrás desta porta. 

- Você acha que conseguirá deter a Revolução Rocket? Nosso líder é maior do que qualquer coisa que você deseje em sua vida, e ele te destruirá. Você não conseguirá nos deter! - Ele tentou cuspir nela, mas a treinadora o socou antes disso. Kari se levantou, ajeitando a barra da camiseta, e abriu as portas com um chute.

Encontrou uma sala branca e bastante ampla, com paredes de vidro ao fundo revelando o belo horizonte de Saffron. Havia apenas uma mesa curva de madeira escura no centro do aposento, onde dois bancos ornamentados se prostravam em frente, apoiados em um singelo tapete vinho. Havia um homem sentado à mesa, vestido com um terno negro com um emblema de R bordado em vermelho-sangue em seu peito.  Haviam dois vultos perto do vidro, e quando a garota conseguiu os focar, percebeu que era um homem idoso sendo segurado por um Kangaskhan, apertado contra a janela.

-Você deve ser Kari. Por favor, sente-se. - Disse o homem sentado à mesa, indicando com a mão as cadeiras à sua frente. A garota não se mexeu.

- Você é o líder dos Rockets? - Perguntou ela, olhando de relance para o outro homem sendo prensado na janela pelo Kangaskhan.

- Ora, sim. Pode me chamar de G. - Ele sorriu, e colocou as mãos dobradas embaixo do queixo. - Você nos deu um bocado de trabalho, sabe? Monte da Lua, Ponte Dourada, S.S.Anne, Celadon, Lavender, hoje... há um belo potencial em você. Pena que tudo terminará hoje. - Seu tom de voz ficou mais denso na última frase, e Kari pôde sentir a hostilidade.

- Ele quer o projeto Master! Não deixe-o... hnf! - O homem à distância foi imprensado com mais força pelo Pokémon, impedindo que ele continuasse a falar.

- Acho que alguém não sabe se manter quieto, não Silph? - Perguntou G, sem se virar. Ele ainda mantinha os olhos na garota.

- Projeto Master? O que seria isso? - Kari estreitou os olhos.

- Acho que não conseguirei colocar o coelho de volta à cartola. Veja, garota, o projeto Master é a construção de uma Pokébola capaz de capturar um Pokémon sem a sua vontade. Ela é cem por cento sem falhas, o que causou um problema entre a Companhia Silph e os ativistas dos direitos de Pokémon, afirmando que usá-la não seria diferente de escravidão. O projeto foi fechado, mas não antes do nosso presidente aqui. - Ele indicou com a cabeça o homem mais velho. - Pegar um protótipo para si mesmo.

- Vocês acham que conseguirão criar milhares de Pokébolas apenas com o protótipo não me façam rir... AAH! - Ele gritou, pois o Kangaskhan o empurrou o suficiente para quebrar o vidro, deixando-o de costas para o vazio. Kari encenou uma aproximação, mas G lançou um Nidorino para frear seu avanço.

- Não. Você fica. Tenho assuntos a resolver com você. - A garota engoliu em seco, e conjurou Sara.

- O presidente está certo. Você provavelmente só terá uma Pokébola dessas. Todo este trabalho apenas para uma? - Perguntou ela. O líder Rocket riu, e se levantou.

- Há coisas nesta vida que valem à pena se arriscar. Mesmo que seja uma única vez. - Ele a encarou, e a hostilidade voltou ao ambiente. - Agora, é hora de retirar uma peça incômoda de nossa máquina. - Ele remexeu no bolso, e retirou uma pistola, que a usou para apontar para a garota. - Você não sabe como é difícil encontrar armas de fogo depois da guerra. Pergunte ao seu querido Surge. Só que não irei me arriscar a uma infantil batalha Pokémon.

- Kari... - Começou Sara, tentando se posicionar para protegê-la do Nidorino e da arma. No entanto, a treinadora estava surpreendentemente calma.

- Eu acho que vou morrer, não? - Perguntou ela.

- É uma afirmação plausível. - Respondeu G.

- Então temos que ser rápidos. - Ela colocou os dedos na boca e assobiou, pulando para o lado. G atirou, mas a bala errou seu alvo e se alojou na parede oposta.

- O que pretende fazer com -- Antes que o líder terminasse sua frase, um vulto tapou a luz que vinha de fora. Quando ele se virou, seus olhos se arregalaram em um misto de surpresa e terror. Kenichi estava do lado de fora da janela, ao lado de Zelda, que carregava Sakura em suas patas. O Kangaskhan deu dois passos para trás, também assustado.

- AGORA! - Gritou Kari. Kenichi avançou contra o Kangaskhan, que deixou o presidente da Silph cair. Antes que o homem gritasse, Zelda jogou a Jolteon para a sala, e o agarrou em pleno ar. - LEVE-O PARA A COBERTURA!

G se virou com ódio, e apontou a arma para ela. No entanto, Sakura correu contra ele e mordeu sua mão, fazendo-o deixar cair a pistola. Ao seu lado, Sara saltou em cima do Nidorino, se embrenhando com ele.

- Não. Não, não, não, NÃO! - Ele retirou duas Pokébolas de seu cinto, conjurando um Rhyhorn e uma Nidoqueen. Do lado de fora, Zelda já estava de volta, e Kari lançou a Pokébola de Liz, colocando-a na sala.

- ACABEM COM ELES! - Gritou a garota. Kenichi lançou um jorro de chamas contra o Kangaskhan, tão forte que o Pokémon adversário foi catapultado para longe, sem conseguir reagir. A Wigglytuff lançou um pulso d’água contra o Rhyhorn, que também foi jogado para longe sem reação.

Ao lado, Sara e o Nidorino continuavam sua peleja. A Sandslash cortava o adversário enquanto ele a acertava com seus chifres, até que a Pokémon de Kari saltou, retirando um pedaço do teto e jogando-o contra o Nidorino, fazendo-o desmaiar. Zelda estava voando ao redor da Nidoqueen, fazendo-a ficar e confusa e acertar a si mesma enquanto tentava bater na Golbat. Depois de alguns segundos nesse ato, Zelda voou para longe, pegando impulso para acertar a adversária com sua asa, derrubando-a também. Kenichi completou a batalha lançando outro jorro de chamas contra o Kangaskhan, que tentava se levantar. Antes que G pudesse se recompor, tudo estava terminado.

- Você... não sabe o que fez...- Disse o líder Rocket, tremendo.

- Sim, eu sei. A equipe Rocket está terminada. - Proclamou Kari, sentindo uma sensação de vitória no fundo do seu peito. - Agora você vai libertar o líder de Viridian e se entregar à polícia. 

- NÃO! - Ele se levantou, parecendo um animal. - Você não faz idéia das consequências de seus atos. Do terror que irá causar em Kanto! Eu estava tentando nos salvar!

- Matando, roubando e sequestrando?

- Eu não irei me justificar à crianças. Há trabalho a ser feito. Com ou sem minha equipe, eu preciso garantir a segurança da população de Kanto. - Ele retirou uma pequena esfera negra do bolso de sua camisa, e a jogou no chão. A sala ficou imediatamente escura, e a garota perdeu a noção de posição. Quando as coisas voltaram ao normal, G já havia sumido, assim como seus Pokémon.

- Acabou? Vencemos? - Perguntou Sakura. Kari andou até a janela quebrada, encarando Saffron abaixo. Em algum lugar ali, o líder Rocket se via sem sua equipe, sem aliados, e sem apoio. O grosso dos Rockets havia provavelmente sido derrotado por Fuji e Sabrina, e o resto jazia inconsciente no prédio em que a garota estava. Mesmo que soubesse que estavam longe do fim, a treinadora se voltou para seus Pokémon, com um sorriso no rosto.

- Acabou.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Opiniões sobre os protestos no Brasil.

  Olá, tudo bom? Não sei se você é um acompanhante frequente neste humilde blog, mas se for, peço o seu perdão por alguns minutos. Eu deveria estar postando meu Nuzlocke (que está atrasado uma semana, graças à minha bela prova de Eletromagnetismo), mas decidi adiá-lo para amanhã. Há algo mais forte dentro de mim pedindo para ser posto em palavras. E é sobre as manifestações.
  Se você ainda não sabe o que é, saia de sua caverna. Estou aqui não para divulgar opiniões políticas, ou angariar atenção. Estou aqui para manifestar meus pensamentos neste WordPad nojento em que escrevo. 
  Comecemos do começo, não? No início destas revoltas, na semana passada (semana da segunda feira 10/06/2013), eu, como disse, estava envolto de materiais de estudo. Pouco pude prestar atenção em reclamações e em passeatas. No entanto, assim como provavelmente ocorreu com vocês, ela foi empurrada em nossas gargantas. E devo dizer sinceramente que não me impressionei no início. Veja, sou uma pessoa ansiosa por boa argumentação para sair de meu estupor cotidiano, e não vi nada de parecido antes do fatídico sábado (ou domingo? Minha memória já não está essas coisas) em que os policiais atacaram os manifestantes. E ninguém me apresentava argumentos convincentes, preferindo se afundar em uma poça de hipocrisia e meias-verdades. Assim, continuei a minha vida, alheio ao resto.
  Eis que os fatos, maiores do que qualquer argumentação furada, surgiram em minha cara. Meu patriotismo inerente às minhas escolhas pessoais e gosto por esta terra abençoada por Deus, foi reaquecido. Meu fervor político, por tantos meses pisoteado, estava de volta à luta. Foi estranho ver aquelas pessoas tomarem o Congresso, o Centro do Rio de Janeiro, cada lugar em que passavam. Estranho e renovador. 
  Acabei me pondo para refletir nesta terça-feira, dia 18 de Junho, uma semana antes de completar duas dezenas de idade. E me peguei pensando em minhas histórias. Veja, não irei ao ponto de me chamar de escritor, mas tento. E recentemente estou contando duas histórias, uma oculta da maioria e outra, como sabem, pública (o Nuzlocke, caso não tenha sido claro). E, abismado, percebi no quanto elas tinham a ver com a situação política atual.
   Veja, embora eu não queira dar spoilers sobre a obra literária que estou tentando sair do papel, posso-lhe dizer que ela apresenta a história de alguém que em um momento se libera das amarras sociais, rompe com as autoridades inconfiáveis e decide tomar seu próprio caminho, o que considera certo. Mas cacetes, não é exatamente o que estou presenciando nas ruas? Esse semi-anarquismo, essa liberdade política? Quais eram as chances?
  Pensei um pouco sobre o que a situação atual influenciaria na minha história, e por enquanto nada, muito porque ela já era similar. No entanto, há uma discrepância entre as duas: na minha, há uma liderança posterior. Na real, por enquanto não há. Não posso dizer que concordo, pois acredito, em minha opinião, é necessário sublinhar, que isso é necessário. Só que, quem sabe? Posso estar errado. Veremos sobre isso. Contudo, isso me leva à história que vocês conhecem, o Nuzlocke.
  No Nuzlocke, embora não seja muito mais do que uma fanfic de um videogame com quase quinze anos, quis passar uma mensagem. De que é necessário lutar pelo que você acha certo, independente da confiança nos resultados. E é isso que está acontecendo. E me sinto feliz em poder acompanhar ao vivo estas transformações. Serão permanentes? Não sei. Apenas o futuro nos dirá. Por enquanto, é necessário continuar lutando, e decidi fazer desta forma. Devo ir às passeatas sim, mas confio em minhas habilidades de escritas para dar uma mostra de minhas opiniões e, quem sabe, motivar alguém. Novamente, eu não sei se isso funcionará. Apenas continuo lutando.
  E, por mais bizarro que seja, ao terminar de imaginar o rascunho mental deste post, encontrei um bando de manifestantes segurando placas em frente ao BarraShopping, na Barra da Tijuca, no Rio. Como um sinal divino, os encarei pela janela de meu ônibus, observando seus dizeres. E um deles se mostrou extremamente apropriado para encerrar este post, por mais clichê que seja. 
  Somos o futuro da nação.