RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN -
Epílogo 1
- Senhorita Campeã, por favor feche os olhos agora. - Disse Sasha, a maquiadora titular. Kari obedeceu, inclinando a cabeça para trás enquanto a outra mulher aplicava pó em seu rosto. Espero que ela consiga mascarar meu tédio, pensou a garota.
A questão era que a vida de Campeão era completamente diferente do que a treinadora havia imaginado. Tivera dois dias de folga depois do fim do torneio para descansar, participar da cerimônia oficial e se recuperar da perda de Sakura, mas na manhã do terceiro dia já estava com suas tarefas oficiais, como diziam. O que significava viajar por todas as cidades recitando discursos pré-escritos e dando entrevistas específicas para centenas de redes de mídia. Isso sem falar da tonelada de papel que ela deveria assinar, todos requisitando autorização para bonequinhos, camisas, livros, programas de televisão e até mesmo processos de uso indevido de imagem, violados nas primeiras horas depois da luta contra Gary.
No momento estava na ilha Quinque, parte do arquipélago das ilhas Sevii. Como fora ordenada uma centena de vezes, precisava ser simpática e convincente no entrevista que daria hoje. O arquipélago era uma aquisição recente por parte do governo de Kanto, e precisavam de todo o apoio político para que o lugar não se tornasse isolado e recluso, como acontecera com Johto. E isso significava que Kari deveria passar uma semana lá, se encontrando com personalidades famosas e participando de jantares beneficentes. O que definitivamente não era parte do sonho que havia produzido. Sempre achou quer ser Campeã significava tratar da Elite dos Quatro e dos líderes de ginásio, mas havia mais. Muito mais.
- Está pronta. - Disse Sasha, se afastando e pegando o vestido que Kari deveria usar naquele dia. A garota fez um muxoxo e pegou a roupa, deixando a maquiadora sair do quarto. Uma olhada melhor fez ver que não havia espaço para Pokébolas naquele vestido. De fato, sequer havia visto sua equipe em dois dias. Como os outros aguentavam aquilo, se perguntou enquanto se vestia.
Um pouco mais tarde, ela estava em um palanque, tendo acabado de recitar o discurso. Os jornalistas já estavam sentados, e a garota pigarreou para continuar.
- E é por causa disso que acredito que, juntos, poderemos firmar nossas relações, para que no futuro o arquipélago Sevii seja tão parte de Kanto quanto as cidades do continente. Obrigada. - Agora era a hora das perguntas. Kari se espreguiçou, no limite de parecer desleixada. Um homem alto se levantou, segurando um bloco de papel na mão.
- Senhorita Campeã, tenho uma pergunta. Recentemente houveram casos de dissidência entre as regiões insulares e continentais de Hoenn. Você acha que há chances disto acontecer aqui também? - O conflito em Hoenn era bastante conhecido, mesmo em Kanto. Era visível a preocupação do mesmo acontecer em outros lugares.
- Creio que não. Há diversos fatores externos que contribuíram para esse problema lá em Hoenn. - Comentou distraidamente Kari, remexendo em seus papéis. - Além disso, há recursos governamentais exclusivos para que o mesmo não ocorra. Mais uma pergunta? - Perguntou ela, levantando a cabeça.
- Eu. - Uma mulher alta se levantou. - Gostaria de saber o que podemos esperar de Kanto sobre os Rockets em nossas ilhas. - Kari arregalou os olhos. Ela realmente tinha ouvido o que tinha acabado de ouvir?
- Eu... - Começou ela, pensando em milhares de outras coisas. Ela havia acabado com os Rockets, não havia? Giovanni estava foragido, e todos aqueles que participaram do ataque em Saffron acabaram presos. O que estava acontecendo ali? - Perdão, mas você tem certeza?
- Claro. - Disse a mulher. - Há registros visuais de diversos civis na região. A minha pergunta é: você irá fazer algo em relação a isso? Pelo que eu saiba, o governo ficou de braços cruzados quando isso aconteceu em Kanto.
- Não, claro.. - Comentou Kari, mais distraída do que o costume. - Iremos fazer algo. Tenha certeza.
O resto da entrevista ocorreu de forma natural, mas a garota continuava com a mente ocupada. Os Rockets ainda existiam. Isso não poderia acontecer de nenhuma forma. Quem sabe o que fariam depois da derrota em Saffron? Precisava detê-los. Assim, logo depois do fim da entrevista ela saiu correndo para seu quarto, preparando sua mochila. Iria perseguir os Rockets por conta própria.
- Indo algum lugar? - Ela se assustou e olhou para trás. Lance estava parado na porta, encarando-a com um sorriso no rosto.
- Encontraram Rockets na ilha. Vou até lá resolver isso. - Ela tentou sair, mas o membro da Elite dos Quatro não se moveu.
- Esse é um assunto da polícia. - Disse ele, estendendo a palma da mão. - É uma questão muito pequena para a Campeã de Kanto.
- Que eu me lembre, os Rockets quase tomaram conta do continente, enquanto você ficou olhando. - Ela apontou para Lance, sentindo a raiva crescer dentro de si. - Se acha que vou deixar eles se reerguerem, está muito enganado.
- Vou repetir para você: isso não é um trabalho para a Campeã. - Disse ele de forma mais severa. Kari o encarou, sentindo as semanas de frustração com o posto finalmente chegarem no ápice.
- Quando eu era criança, eu achava que ser Campeão significava ser um exemplo para os outros treinadores. Um líder, não um fantoche. Não um peão político. - Ela se aproximou de Lance até os dois ficarem cara a cara. - Agora eu sou a Campeã. E vou fazer o que eu acho que um Campeão deve fazer. Vou agir em prol dos treinadores. E eu vou acabar com os Rockets.
Ela saiu com passos pesados, batendo o ombro no braço de Lance. O membro da Elite dos Quatro ficou parado onde estava, parecendo pensativo. No entanto, Kari não parou para ver. Tinha algo a fazer.
Algo que mudaria sua vida.
- Está pronta. - Disse Sasha, se afastando e pegando o vestido que Kari deveria usar naquele dia. A garota fez um muxoxo e pegou a roupa, deixando a maquiadora sair do quarto. Uma olhada melhor fez ver que não havia espaço para Pokébolas naquele vestido. De fato, sequer havia visto sua equipe em dois dias. Como os outros aguentavam aquilo, se perguntou enquanto se vestia.
Um pouco mais tarde, ela estava em um palanque, tendo acabado de recitar o discurso. Os jornalistas já estavam sentados, e a garota pigarreou para continuar.
- E é por causa disso que acredito que, juntos, poderemos firmar nossas relações, para que no futuro o arquipélago Sevii seja tão parte de Kanto quanto as cidades do continente. Obrigada. - Agora era a hora das perguntas. Kari se espreguiçou, no limite de parecer desleixada. Um homem alto se levantou, segurando um bloco de papel na mão.
- Senhorita Campeã, tenho uma pergunta. Recentemente houveram casos de dissidência entre as regiões insulares e continentais de Hoenn. Você acha que há chances disto acontecer aqui também? - O conflito em Hoenn era bastante conhecido, mesmo em Kanto. Era visível a preocupação do mesmo acontecer em outros lugares.
- Creio que não. Há diversos fatores externos que contribuíram para esse problema lá em Hoenn. - Comentou distraidamente Kari, remexendo em seus papéis. - Além disso, há recursos governamentais exclusivos para que o mesmo não ocorra. Mais uma pergunta? - Perguntou ela, levantando a cabeça.
- Eu. - Uma mulher alta se levantou. - Gostaria de saber o que podemos esperar de Kanto sobre os Rockets em nossas ilhas. - Kari arregalou os olhos. Ela realmente tinha ouvido o que tinha acabado de ouvir?
- Eu... - Começou ela, pensando em milhares de outras coisas. Ela havia acabado com os Rockets, não havia? Giovanni estava foragido, e todos aqueles que participaram do ataque em Saffron acabaram presos. O que estava acontecendo ali? - Perdão, mas você tem certeza?
- Claro. - Disse a mulher. - Há registros visuais de diversos civis na região. A minha pergunta é: você irá fazer algo em relação a isso? Pelo que eu saiba, o governo ficou de braços cruzados quando isso aconteceu em Kanto.
- Não, claro.. - Comentou Kari, mais distraída do que o costume. - Iremos fazer algo. Tenha certeza.
O resto da entrevista ocorreu de forma natural, mas a garota continuava com a mente ocupada. Os Rockets ainda existiam. Isso não poderia acontecer de nenhuma forma. Quem sabe o que fariam depois da derrota em Saffron? Precisava detê-los. Assim, logo depois do fim da entrevista ela saiu correndo para seu quarto, preparando sua mochila. Iria perseguir os Rockets por conta própria.
- Indo algum lugar? - Ela se assustou e olhou para trás. Lance estava parado na porta, encarando-a com um sorriso no rosto.
- Encontraram Rockets na ilha. Vou até lá resolver isso. - Ela tentou sair, mas o membro da Elite dos Quatro não se moveu.
- Esse é um assunto da polícia. - Disse ele, estendendo a palma da mão. - É uma questão muito pequena para a Campeã de Kanto.
- Que eu me lembre, os Rockets quase tomaram conta do continente, enquanto você ficou olhando. - Ela apontou para Lance, sentindo a raiva crescer dentro de si. - Se acha que vou deixar eles se reerguerem, está muito enganado.
- Vou repetir para você: isso não é um trabalho para a Campeã. - Disse ele de forma mais severa. Kari o encarou, sentindo as semanas de frustração com o posto finalmente chegarem no ápice.
- Quando eu era criança, eu achava que ser Campeão significava ser um exemplo para os outros treinadores. Um líder, não um fantoche. Não um peão político. - Ela se aproximou de Lance até os dois ficarem cara a cara. - Agora eu sou a Campeã. E vou fazer o que eu acho que um Campeão deve fazer. Vou agir em prol dos treinadores. E eu vou acabar com os Rockets.
Ela saiu com passos pesados, batendo o ombro no braço de Lance. O membro da Elite dos Quatro ficou parado onde estava, parecendo pensativo. No entanto, Kari não parou para ver. Tinha algo a fazer.
Algo que mudaria sua vida.
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