sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

RN Nuzlocke LG: 5 - A Floresta de Viridian


RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN -

CAPÍTULO 5: A FLORESTA DE VIRIDIAN

A floresta de Viridian se aproximava, um mar de árvores quase negras de tão verdes, se estendendo horizontalmente até onde a vista alcançava. Um pequeno edifício de tijolos marcava a entrada do caminho seguro para os treinadores. 

Kari e seus Pokémon estavam caminhando pela Rota 2, que ligava a cidade de Viridian à Pewter, e a cada passo as árvores adiante pareciam mais ameaçadoras e altas. Fique tranquila, pensou Kari, percebendo que estava suando frio. A floresta era conhecida por ser um labirinto natural, mas se ficassem na estrada não teriam com o que se preocupar. Por isso, mantiveram o passo firme pela rota.

 - Acha que aquele treinador vai nos encontrar na floresta? - perguntou Kenichi para Kari, enquanto se embrenhavam na grama alta para garantir um atalho. Nala estava mais à frente, com apenas seu rabo roxo aparecendo por cima da relva.

Kari refletiu. Por mais que esse novo Gary fosse assustadoramente diferente do rapaz implicante que conhecia, sentia que ele ficaria longe dela por enquanto. Provavelmente elaborando novas formas de ser um babaca, pensou. Antes que respondesse a seu Charmander, ouviu um barulho na grama próxima, e uma lagarta laranja com um único espinho na testa pulou em cima de Kenichi, gritando:

 - Kenichi, meu lindo, você está aqui! Que surpresa dos deuses! - disse a Pokémon conhecida como Weedle, se acoplando na cabeça do Charmander. Ele ficou branco, e logo começou a gritar e correr, conseguindo tirá-la da cabeça. A lagarta caiu no chão, e Kenichi apontou o dedo para ela.

 - V-v-v-ocê! Como você está aqui? Como? - disse ele, tremendo.

 - Ah, Kenichi querido, você realmente achou que ficaria longe de mim para sempre? Somos carne e sangue, fofinho. Eu iria até o fim do mundo por você. - E ela pulou novamente em cima dele, que se esquivou e correu um pouco.

 - Ahn. - Kari estava se esforçando para entender a situação. - Vocês dois se conhecem?

 Kenichi se virou irado para ela, e gritou: - Ela é a culpada! Ela invadia o laboratório do Carvalho para pular em cima de mim! Ela é a Jezebel que me fez ficar assim! - Kari novamente olhou para a Weedle, para ver se tinha perdido alguma coisa. Era apenas uma lagarta.

 - Você quer dizer, fresco? - perguntou Nala, sorrindo. - Bem, ela fez um excelente trabalho. - A Rattata se virou para Kari e perguntou: - O que acha de integrarmos ela ao nosso time para ampliarmos nossa diversão?

 - Boa idéia, Nala. - Kenichi gritava ao fundo, enquanto Kari se aproximava da Weedle.  - Qual é o seu nome, pequena? 

 - Meu nome é Wanda, querida. E antes que pergunte, sim, eu quero entrar no seu time!

 - Ótimo. - falou Kari, enquanto Kenichi olhava perplexo a captura. A treinadora se levantou, e se virou para ele, falando: - Eu nunca gostaria de separar duas pessoas tão destinadas ao amor, Kenichi. Você acha que sou o quê, uma megera? 

 - Sim! Sim! Todas vocês!  - gritou, enquanto as garotas caminhavam até o edífico de tijolos. 

Ao chegarem lá, perceberam que o clima se tornou infinitamente mais sombrio. O prédio tinha apenas dois andares, e era escuro e úmido. Dentro, alguns bancos e mesas se espalhavam aleatoriamente, e alguns treinadores eram vistos conversando com seus Pokémon ou comprando antídotos de um funcionário do PokéMart, loja especializada em produtos para treinadores. Kari estava perto da porta de saída, olhando para um mapa rasgado na parede. Nele estava um caminho tortuoso, e especificações para que as pessoas não saíssem da rota de jeito nenhum. Ela engoliu em seco, e saiu do edifício.

A floresta de Viridian era um lugar escuro, já que poucos raios de sol conseguiam perfurar o escudo de folhas que serviam como teto. Vários barulhos de Pokémon selvagens ecoavam da floresta selvagem, mas desde que ficassem na estrada, nada iria atacá-los. Com o tempo, a respiração de Kari foi ficando mais lenta e calma. Não havia realmente motivos para preocupação, pensou. Dezenas de treinadores passavam pela floresta todos os dias, e nenhum acidente ocorreu nos últimos anos. 

Só que o destino gosta de pregar peças, e nesse momento coisas muito importantes aconteciam em Kanto, sendo que as consequências chegaram à floresta de Viridian quase instantaneamente. Kari ouviu um barulho alto atrás de si, e antes que percebesse, uma onda de Pokémon estava vindo do sul. Caterpies, Pikachus, Weedles, Pidgeottos, Kari nem conseguia identificar a maioria. Ela gritou, e levantou os braços para proteger a cabeça. Seus próprios Pokémon pareciam estar imunes à onda de insanidade que varria os selvagens, mas estavam com dificuldades de se manter em pé em meio à onda. Wanda pulou para a cabeça de Kenichi, e Nala saltava de um lado pro outro desviando das manadas. No entanto, Kari não era tão ágil, e acabou sendo acertada na cabeça por um Pidgeotto.

Kenichi virou para trás, e viu desesperado Kari ser arrastada pela manada em direção à floresta selvagem. 

 - Kari! - gritou, mas antes que pudesse mover para ajudá-la, foi derrubado por um Pikachu. Conseguiu se agarrar no chão, mas percebeu que não conseguiria ir até ela no chão. - Kari! - Voltou a gritar.

- Kenichi! Vamos abrir caminho à força! - gritou Nala, e começou a investir contra os Pokémon selvagem. Kenichi começou a fazer o mesmo, mas o avanço era muito lento.

 - Wanda, você tem alguma idéia? - falou Kenichi, enquanto avançava contra um Caterpie. - Wanda? - perguntou novamente, estranhando o silêncio da Weedle. Quando virou a cabeça, viu que ela estava soltando um brilho branco, que ia aumentando de intensidade exponencialmente.

 - Kenichi, querido.  - Falou ela, começando a ficar brilhante demais para ser vista diretamente. - Veja e se deslumbre. - E Wanda saltou da cabeça dele. No ar, parecia que ela tomava outra forma, virando o que parecia um casulo oval no meio do brilho intenso. No entanto, essa forma foi rapidamente mudada para a de uma abelha, tomando contornos mais definidos conforme o brilho ia cessando.

 - Wanda? - perguntou Nala, enquanto pulava em cima de um Metapod que vinha carregado pela onda.

Wanda havia evoluído. Esse processo era estimulado nos Pokémon pela experiência em batalhas, e ela acabou vendo Kenichi e Nala batalharem um bocado nos últimos segundos. A evolução havia a transformado em uma Beedrill, uma abelha de membros longos, com um metro de altura, dois braços e duas pernas, sendo que os braços continham espinhos únicos onde ficariam as mãos. Wanda logo aproveitou suas novas asas, e voou em direção até onde Kari estava, esquivando de Pidgeottos e Butterfrees. Esticou o braço em direção a ela, e conseguiu pegá-la pela mochila, levando-a até o topo de uma árvore. Juntas, esperaram a manada passar.

Quando ela passou, a floresta estava em péssimo estado. Algumas árvores haviam caído, e havia diversos objetos espalhados pelo chão, mas a bizarra agitação havia cessado. Ficaram algum tempo cuidando de Kari, que ficou encharcada de sangue devido ao ferimento na cabeça causado pelo Pidgeotto. Felizmente, era uma ferida leve, e logo ela recuperou a consciência.

 - W-Wanda? - foi a primeira coisa que falou, ao ver a Beedrill olhando-a. Wanda inclinou a cabeça e apertou os olhos, parecendo sorrir. 

 - Pode falar, querida. Eu estou magnífica. E o melhor de tudo, consegui o amor do meu querido Kenichi.

 - O quê? - perguntou Kenichi.

 - Ah, você acha que eu não percebi seu... fascínio pelo meu novo corpo?  Você ficou sem palavras quando eu evoluí. 

 - N-N-N-Não! Cale a boca!

 - Ah, Kenichi. Venha cá, dê um abraço nessa nova Wanda. - disse ela, estendendo os braços.

 - S-Saia de perto de mim! - Kenichi voltou a correr, e Kari percebeu que estavam bem perto da saída. Aliviada, se levantou e começou a andar cambaleante até o edifício de tijolos que indicava a saída. Tinha imensas dúvidas sobre a onda de Pokémon selvagens que tinha acabado de ocorrer, mas talvez soubesse mais sobre o ocorrido em Pewter. Com isso, seu sorriso esvaneceu. Pewter, a Cidade de Pedra, estava depois daquele prédio.

E Brock a aguardava.

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