terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

RN Nuzlocke LG: 4 - O Rival

RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 4: O RIVAL

Viridian era uma cidade bucólica, como logo Kari e seu grupo perceberam. Era um pouco maior que Pallet, mas possuía diversos jardins de flores, cuidados pelos próprios habitantes. Um detalhe da estética de Viridian era que boa parte das casas possuía telhados verdes, refletindo o espírito mais natural da cidade, conquistado pela proximidade à Floresta de Viridian. Kari havia andado por algum tempo, até que achou um Centro Pokémon, rede pertencia a uma série de estabelecimentos administrados pela Liga, oferecendo aos treinadores abrigo e tratamento para os Pokémon.

Assim que Kari entrou no Centro, percebeu que estava exausta. A viagem havia sido cansativa, com muitas noites mal-dormidas e caminhada excessiva. Assim, fez seu registro, subiu até o segundo andar, entrou no quarto e caiu na cama, acordando apenas no dia seguinte.

Quando voltou ao térreo, tratou de ir até o restaurante para seu café da manhã, e acabou entreouvindo dois homens conversarem na mesa ao lado:

 - Soube que o rastro do líder do ginásio parou em Saffron. A polícia parece achar que os Rocket estão envolvidos no desaparecimento dele. - disse um homem de bigode grisalho, paletó marrom e chapéu fedora.

 - Hm. Isso não pode ser bom para os negócios locais. Fico me perguntando dos motivos da Elite Quatro não se intrometer no assunto. - disse um homem idoso e careca, mas com uma longa barba. Os dois voltaram a suas refeições, enquanto Kari meditava sobre o que havia acabado de ouvir. Sabia que o líder do ginásio de Viridian havia sumido fazia alguns meses, mas a polícia já deveria ter achado-o. Pelo visto teria que seguir para Pewter e torcer para que ele estivesse de volta antes que Kari voltasse à Viridian.

Terminou seu café, e tratou de sair logo. O caminho para a Elite Quatro, a Estrada do Triunfo, tinha seu início bem perto de Viridian. Ela planejava dar uma pequena olhada antes de seguir norte. Liberou Kenichi e Nala e saiu da cidade.

Depois de algumas horas caminhando por uma rota separada pela ravina ao sul e a floresta ao norte, haviam chegado nas portas do lugar. Uma construção vermelha massiva se agigantava, com pilares brancos segurando o teto. As portas de vidro, também gigantes, continham o símbolo da Pokébola em alto-relevo branco, e eram tão limpas que apenas o símbolo se destacava. O grupo ficou olhando para o colosso por algum tempo, até que Kari falou:

 - Da próxima vez que olharmos para essa construção, estaremos a um passo de nos tornarmos Campeões. - disse, olhando para cima com os olhos brilhando.

 - Ou quatro passos. - reiterou Kenichi. - Só que não vai importar. Eu vou derrotar toda a Elite! - E, dito isso, soltou labaredas para o ar, algo que ele havia aprendido a fazer recentemente.

Um barulho de folhas veio de trás deles. Quando se viraram, viram um Mankey, animal semelhante a um macaco bege, com membros longos, rabo comprido, corpo redondo e focinho de porco. O Pokémon parecia assustado pelas chamas soltadas por Kenichi. Kari logo se agitou, pois Mankeys eram raros e com potencial absurdo. Estendeu o dedo para ele, e gritou:

 - Acho que achamos nosso novo membro. Nala, vá!

Nala começou a correr atrás do Mankey, que se assustou e voltou a entrar na grama alta, sendo perseguido pela Rattata. Kari e Kenichi correram atrás, mas logo perderam eles de vista.

 - Droga, droga! - reclamou a garota, enquanto afastava tufos de grama do caminho com violência. Como havia os perdido de vista, perguntou a si mesma. Kenichi vinha a seu lado, procurando farejar os fugitivos, mas havia muitos outros aromas no ar. No entanto, logo em seguida ouviram um grito atravessando o ar. Ao identificar a voz de Nala, Kari correu em disparada para a origem do barulho, sentindo o coração praticamente vibrar em seu peito.

Chegarem finalmente em uma clareira, onde viram Nala e um treinador segurando o Mankey com o pé. Quando se aproximaram, Kari sentiu o estômago gelar, ao ver que o Pokémon estava ensanguentado, claramente morto. Ao levantar os olhos para ver o treinador, outro golpe. Era Gary.

 - O que você pensa que está fazendo? - perguntou Kari, sentindo o pulso acelerar ainda mais.

 - Eu estava correndo atrás do Mankey, quase o derrubando, quando esse imbecil o matou! Estava tão perto de derrotá-lo! - disse Nala, visivelmente irada. Kari voltou a olhar para Gary. Havia um Pidgey, pássaro marrom e bege com listras negras nos olhos, em seu ombro. Seu bico estava pingando sangue.

 - Estranho. Tudo que eu fiz foi treinar meus Pokémon. Não vejo o motivo de tanta revolta. - disse ele, com a voz doce e encolhendo os ombros.

Kari mordeu a língua. Conseguia ver até onde a retórica dele ia. Gary iria argumentar que não sabia que Nala era um Pokémon de treinador, e que não poderia concluir que o Mankey era o alvo de Kari. No entanto, tinha toda a certeza de que ele sabia, de alguma forma.

 - Você está me dizendo que realmente não fez isso para me prejudicar, Gary? Que cometeu esse ato, que já é desprezível por si só, por acaso? - O sangue de Kari borbulhava.

 - Ah, não me diga que realmente está seguindo o caminho pacifista, Kari. Ele não combina com você. E respondo a sua primeira pergunta com outra: você realmente acha que estou tentando te atrapalhar? - Gary sorriu de forma sinistra em seguida, encarando-a com seus olhos castanhos. - Está aí uma excelente sugestão.

O Pidgey de Gary levantou vôo, fazendo círculos em torno de Nala, que dava passos para trás, olhando-o atenciosamente com seus olhos vermelhos. Kari logou elevou a voz.

 - Gary, o que diabos você pensa que está fazendo? - Assim que disse isso, o Pidgey passou a milímetros de seu rosto, o suficiente para as penas arranharem seu nariz. Kari protegeu seu rosto, olhando para Gary e Nala enquanto o Pidgey continuava no seu vôo baixo.

 - Estou te fazendo um favor, Kari. Você não tem capacidade para empreender nessa jornada. Apenas vou derrotá-la e fazer você voltar chorando para Pallet.

Depois disso, Kari viu apenas vermelho. Tinha dado uma chance para Gary, mas tudo que ele queria era tirá-la da jogada. Hora de mostrar a que veio.

 - Nala! Vamos derrotar esse Pidgey! - Kari apertou os comandos em sua Pokédex. Nala pareceu sumir por alguns instantes, e quando apareceu estava em frente ao Pidgey, atacando-o. O pássaro caiu no chão com ela.

 - Hermes! Tire esse rato de cima de você!  - O Pidget voltou a alçar vôo, e se lançou em investida contra Nala. No entanto, ela se jogou para o lado no último segundo. Hermes foi rápido e cancelou o mergulho, mas antes que voltasse para cima Nala atacou-o novamente.

 - Hermes! Pare de sacanagem e termine essa luta! - Gary estava espumando. O Pidgey voltou a investir contra Nala, acertando-a desta vez. O impacto fez Nala voar em direção a uma elevação, e Hermes foi logo atrás. No entanto, ela aproveitou o obstáculo se aproximando e usou-o como trampolim, evitando o Pidgey vindo em sua direção. Ele então voltou a subir, mas antes de completar o movimento Nala seguiu correndo pela elevação e acertou-o, fazendo-o desmaiar.

 - Droga! - Gary retornou Hermes para a Pokébola, e logo em seguida lançou Titã. Kari fez Nala recuar e liberou Kenichi para a batalha.

Kenichi logo avançou, arranhando Titã, que usou da cauda para desestabilizar o adversário novamente. Kari tentou lançar chamas contra ele, mas percebeu que o Squirtle estava muito forte para ser derrotado por um golpe que tinha vantagem. Titã voltou a usar a cauda, fazendo Kenichi cair. No entanto, ele aproveitou a queda e utilizou-a como força extra para arranhar o Pokémon de Gary no rosto, tirando sangue. Kari logo ficou preocupada, mas felizmente ele não havia acertado os olhos, em vez disso o espaço entre eles.

A partida estava terminada ali, no entanto. Titã tentou investir contra Kenichi, mas o sangue em seu rosto o fez acertar o lado do adversário ao invés do centro de gravidade. Kenichi desviou parcialmente, e logo arranhou-o novamente, colocando-o no chão.

Gary recolhou seu Squirtle, e lançou um olhar feroz para Kari. Por um instante, ela poderia ter jurado ter visto lágrimas, mas o instante passou. Gary virou o rosto, e tratou a caminhar para Viridian. O vento levou as palavras dele para Kari, uma simples frase: "Sorte".

Ele desapareceu no oeste, caminhando em direção ao pôr-do-sol. Kari ficou olhando, e esperou alguns minutos até seguir o mesmo caminho.

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