terça-feira, 29 de janeiro de 2013

RN Nuzlocke LG: 2 - Começos complicados.


Senhoras e senhores, yada, yada, yada, aqui está mais um Nuzlocke. Como prometido, terças e sextas.

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RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 2: COMEÇOS COMPLICADOS.

Kari estendeu a mão, e pegou a Pokébola à direita das demais. Sua mão tremeu, e acabou soltando-a. A esfera se abriu, liberando uma energia que logo tomou a forma de um lagarto laranja de quase sessenta centímetros, com uma barriga amarela, cabeça redonda e grandes olhos azuis. No entanto, o que mais chamava a atenção era seu rabo. Na ponta, uma pequena chama queimava, sem parecer ter combustível. Pelo que diziam, essas chamas reagiam de acordo com as emoções do pokémon. O nome dessa espécie era Charmander, e esse em particular parecia bastante agitado, olhando tudo ao seu redor.

 - Ah. Vejo que escolheu Kenichi. - disse o professor Carvalho.

 - Esse é o nome dele? - perguntou Kari, virando a cabeça para trás.

- Sim. É uma criaturazinha bastante agitada.

Kari se agachou, e olhou orgulhosa para seu primeiro Pokémon. Kenichi parou de olhar para todos os cantos e fixou seu olhar em Kari. Olhos verdes encontraram olhos azuis, e Kari sorriu. Um sentimento estranho passou por seu estômago. Era a animação que contagiava seu corpo, e a certeza de que algo incrível estava começando. O Charmander soltou alguns grunhidos agudos, e voltou a observar o lugar, parecendo tão inquieto quanto Kari se sentia.

 - Ah. Eu já ia me esquecendo. Aqui está o seu kit, Kari. - O professor pegou uma pequena caixa de uma mesa, e abriu-a. Dentro, haviam duas coisas. A primeira era um cartão plastificado com o nome, foto e informações de Kari. Era a sua Trainer I.D, que a registrava como uma treinadora certificada da Liga Pokémon. Ela havia feito sua inscrição meses atrás, mas só havia recebido hoje, assim como seu primeiro Pokémon.

O segundo item, no entanto, era ainda mais impressionante. Parecia uma pequena pulseira preta, com o símbolo de uma Pokébola. Sua funcionalidade era bastante variada. O símbolo da Pokébola podia virar um relógio, uma agenda, telefone e possuía a mais nova versão da Pokédex, guia eletrônico escrito pelo próprio professor Carvalho. No entanto, a funcionalidade mais impressionante era a capacidade de poder falar com Pokémon, algo pesquisado há anos, desde que os cientistas descobriram que eles falavam uma linguagem própria e única. Agora, a conversação entre humanos e Pokémon era possível. E tudo isso era fruto da novíssima Pokédex 2.0.

Kari não conseguia acreditar no que estava olhando. Além de serem produtos incrivelmente fascinantes, eram bastante caros. Ela olhou para o professor Carvalho. Ele devia ter gastado uma quantidade obscena de dinheiro. - Professor... - disse Kari, coma voz tremendo. - quanto você gastou?

- Não se preocupe, Kari. Eu ajudei a desenvolver parte dessas belezinhas, então tenho desconto perpétuo, e comprei de um amigo em Viridian. Além do mais, você e Gary são o orgulho de Pallet. Nunca vimos treinadores tão promissores. Tenho certeza de que vocês vão nos dar muito o que falar.

Os olhos de Kari ficaram marejados, e ela logo desviou o olhar. Ela ia recompensá-los, pensou. Iria realmente se tornar algo que pudesse deixá-los felizes. Não iria decepcioná-los, isso era uma promessa. Ela colocou a I.D em sua carteira, mas antes que pudesse colocar a pulseira, Gary gritou.

 - Agora finalmente temos nossos Pokémon. Você sabe muito bem o que isso significa, Kari!

Kari olhou para ele. Sabia muito bem o que significava, e de fato estava ansiosa para isso. Uma batalha Pokémon. Seu sangue ferveu, e suas pernas voltaram a tremer. Acenou com a cabeça.

 - Crianças, não vejo o motivo de fazerem isso tão rápido. - disse o professor Carvalho, visivelmente alarmado. - Tenho certeza de que encontrarão muitos adversários em sua jor-- Antes que terminasse, Gary e Kari correram para fora do laboratório.

Foram até o pátio interno, onde várias Nidoran fêmeas, preferidas do professor, andavam perto do muro. O local era bem arborizado, mas havia uma clareira central que parecia ter sido feita para batalhas. Gary e Kari se postaram em lados opostos do círculo.

 - Bem. - disse Gary, com voz altiva e pomposa. - hora de ver em quem Pallet realmente irá depositar as esperanças. Espero que você não desista depois dessa derrota, Kari. Eu quero derrotá-la mais vezes.

 - Não conte com isso, Gary. - respondeu Kari, colocando a Pokédex 2.0. - Faço questão de te dar um ingresso VIP para minha cerimônia como Campeã.

 - Heh. Eu duvido muito que isso aconteça, pois meu Pokémon parece muito mais forte que o seu! - Ao dizer isso, ele lançou sua Pokébola, que abriu e revelou um Squirtle, tartaruga bípede e azul, de quase meio metro e rabo felpudo.

Kari mordeu a língua. Então era por isso que Gary queria que ela escolhesse primeiro, para pegar a desvantagem dela. - Bem, isso é o que veremos. Vá, Kenichi! - Kari lançou a Pokébola, e Kenichi parou em frente ao Squirtle.

 - Finalmente. Aqui vou eu! - disse Kenichi. Kari se assustou momentaneamente, impressionada com o fato do Pokémon ter falado. Kenichi tinha uma voz aguda, e parecia realmente bastante animado para a batalha.

  - Titã! Invista contra ele! - gritou Gary. O Squirtle se lançou contra Kenichi, derrubando-o no chão.

- Kenichi! - gritou Kari, procurando em sua Pokédex. Em um menu, estavam as habilidades dele em batalha, graças ao link que havia entre sua Pokébola, sua pulseira e seu I.D. Olhou rapidamente e voltou sua atenção para a batalha.

 - Kenichi, arranhe-o!

- Achei que nunca ia pedir! - O Charmander lançou dois arranhões contra Titã, se livrando dele. Gary clicou em sua Pokédex, e logo o Squirtle lançou sua cauda contra o Pokémon de Kari, desestabilizando-o.

Burra, burra, burra, pensou Kari. Havia passado muito tempo vendo batalhas de nível baixo pela televisão, e tinha se esquecido que os treinadores mais avançados usavam suas Pokédex para transmitir os golpes para seus Pokémons, fornecendo mais rapidez e evitando que o adversário soubesse sua estratégia. De maneira quase instantânea, ela voltou à sua pulseira e escolheu o golpe que Kenichi usaria.

A batalha se tornou mais rápida. Titã voltou a investir contra Kenichi, que o repelia arranhando seu rosto. Na segunda investida, no entanto, o arranhão de Kenichi pareceu ser demais para o Squirtle, que caiu derrotado.

- Isso! Vencemos! Nossa primeira luta! - Kari saltou no ar, e assim fez seu Charmander. Gary se limitou a retornar seu Pokémon à Pokébola, resmungando que tinha pego o Pokémon errado, e sair pela porta.

Kenichi andou até Kari, e disse: - Seremos os campeões, você está me ouvindo? Um dia usaremos aquelas capas e seremos os reis de Kanto! E terei tudo que eu pedir depois disso. Carros, mulheres, nachos, e todas aquelas jujubas. Só que eu não quero as roxas, elas são horríveis! Farei com que não produzam mais roxas, apenas amarelas. E depois eu vou...

 - Sim, sim. - disse ela, colocando-o de volta à Pokébola. Parecia falante, esse. Enquanto saía, percebeu uma aglomeração em frente ao laboratório. Quando saiu, parecia que metade da cidade estava na rua, com cartazes e cantorias. Se lembrou do professor Carvalho falando sobre ela e Gary serem o orgulho de Pallet, e seus olhos ficaram marejados de novo. Não ajudou o fato de que sua mãe estava na frente, chorando copiosamente. Kari se aproximou dela.

Quando chegou bem perto, sua mãe tirou a mão do rosto e abraçou fortemente. Se Kari estava contendo suas lágrimas antes, agora foi impossível. Elas corriam pelo seu rosto em uma cascata fina e constante, enquanto abraçava sua mãe. Não se sabia quanto tempo tinha se passado, mas uma mão veio em seu ombro, a separando do abraço materno.

 - Vamos, Zoe, deixe-a respirar um pouco. - A dona da mão era Daisy Carvalho, irmã mais velha de Gary e servia também como irmã mais velha de Kari. Com vinte e dois anos, tinha os cabelos castanhos do irmão, mas usava-os na forma longa e lisa. Seu rosto era menos pontudo, com olhos castanhos grandes e nariz arrebitado. Ao vê-la, Kari se acalmou internamente. Daisy era um criadora de Pokémon, e com ela Kari havia aprendido a tratar essas criaturas, enquanto Gary se mantinha mais afastado. - Bem, Kari, hoje é o dia. - disse Daisy, segurando-a pelos ombros. - Sua vida adulta começa hoje. Espero que esteja preparada.

 - Pode apostar. - disse Kari, sentindo a excitação voltar ao seu sangue.

 - Bem, que tal nos mostrar seu Pokémon, então?

 - Ah, claro. Espere um pouco. - De forma meio atrapalhada, ela soltou a Pokébola do cinto e libertou Kenichi. Ao ser solto, o Charmander se agitou, voltando sua atençaõ irritado para Kari.

 - Quem você pensa que é, me prendendo antes de eu terminar meu discurso, sua tábua?

A multidão ficou em silêncio, todos olhando incrédulos para Kari e seu Pokémon. Ela, por sua vez, também ficou silenciosa, mas olhava-o com um olhar diferente, como se não conseguisse acreditar no que estava ouvindo.

 - O que você disse? - disse ela, demorando em cada sílaba.

 - Você me ouviu, cacete! Não acredito que vou ter que dividir meus méritos como Campeão com uma mocréia que nem você! Por Arceus, eu...

Antes que ele pudesse terminar, Kari também estava discutindo. Veja, Kari podia ser normalmente uma pessoa simpática, mas era necessário pouco para tirá-la do sério. E quando isso acontecia, ela não parava tão fácil.

 - Escuta aqui, seu lagarto superdesenvolvido. Você vai fazer o que eu quiser, quando eu quiser, e pelo visto a primeiro coisa que você precisa é comprar um óculos, pois seus olhos parecem estar atrofiados. E quem foi que te ensinou sobre respeito, pintor de rodapé?

Algo importante a notar sobre Kenichi era que ele nunca tinha sido respondido suas provocações. Obviamente, ele precisava mostrar a sua nova treinadora quem é que mandava.

E então ambos começarem a discutir e se xingar em frente à cidade inteira. Kari cobrava respeito e constantemente ridicularizava o tamanho de Kenichi, que por sua vez afirmava que não precisava dela para ser campeão, além de comentar aqui e ali sobre a beleza de Kari. A multidão não havia saído de seu estado letárgico, e continuou observando os dois discutirem tal qual uma partida de tênis.

Depois de alguns minutos, Daisy se libertou do estupor e começou a arrastar Kari até a saída da cidade, enquanto ela e Kenichi continuavam discutindo. De fato, ele se mantiveram nesse estado até que Daisy os deixou na Rota 1, início simbólico das rotas de jornadas Pokémon. Só que ainda se passaram algumas horas até que eles tivessem terminado de discutir, e suas vozes ainda foram ouvidas até o pôr-do-sol, quando Kari voltou a guardar Kenichi na Pokébola e saiu pisando forte pelo caminho de grama.

E foi assim que começou a jornada de Kari e Kenichi em busca do sonho comum de serem Campeões. Esse começo, quando relembrado pelos dois depois de meses de viagem, pareceu não representar direito a estrada épica que ambos iam seguir. No entanto, isso ainda será contado.

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