sexta-feira, 12 de julho de 2013

RN Nuzlocke LG - Capítulo 34: Mew-2

     RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN - 

CAPÍTULO 34: MEW-2

     Finalmente chegaram em Cinnabar, uma ilha vulcânica recente, pequena e cheia. Prédios e casas decoravam cada acre que conseguiam encontrar, dando espaço apenas para vegetações rasteiras e o grande vulcão no centro do lugar. Sophie deixou Kari na praia, e a garota imediatamente se dirigiu até o ginásio.

     Lá chegando, estranhou o fato da área parecer vazia. Normalmente havia pelo menos algum tipo de movimento nos arredores de uma construção daquelas, mas desta vez nenhuma alma viva se importava de aparecer. A garota encolheu os ombros e continuou, encarando de frente o prédio. Ele era construído bem perto da única elevação montanhosa de Cinnabar, e parecia adentrar a formação da natureza. Kari se aproximou da enorme porta de metal dupla e bateu várias vezes, gritando enquanto fazia isso.

     - BLAINE? BLAINE, APAREÇA! - A garota já não tinha paciência antes de chegar no lugar, irritada por não saber se poderia disputar ou não. Ela odiava ficar no escuro, e parte de si preferia que o ginásio fosse simplesmente fechado, ao invés da complicação enrolada a que se submetera. O pensamento estava em sua cabeça desde que saíra de Fuschia, e havia chegado no ápice naquele momento.

     - Ele não irá aparecer. - Disse uma voz atrás dela. A garota se sobressaltou, virando o corpo em sequência. Havia um homem idoso em pé, apoiado em uma bengala de madeira. - Peço perdão por assustá-la. - Adiantou ele. - No entanto, creio que esteja em uma batalha perdida. Blaine se trancou aí dentro faz oito meses, e não sai nem para comprar comida. Eu sou o responsável por alimentá-lo. - Ele levantou a mão, e Kari viu que carregava uma sacola de comida.

     - Quem é você? - Perguntou a garota, deixando o velho se aproximar do ginásio.

     - Eu era o porteiro daqui. - Disse ele, colocando o pacote em uma fresta na porta. A portinhola balançou audivelmente. - Portanto, posso confirmar que muitos treinadores ficaram bastante irritados. Por muitas semanas houveram confusões na porta do ginásio, e representantes da própria Liga Pokémon vieram para confrontá-lo. No entanto, Blaine, por ser o mais velho e experiente dos líderes de ginásio, conseguiu enrolá-los. Ninguém sabe o que deu nele... - Ele deixou a voz cair, encarando tristemente a porta de metal.

     - Então... eu deveria fazer o quê? - Kari sabia que a culpa não era do homem idoso, mas sua tensão estava no limite.

     - Vários treinadores começaram a ajudar o Centro de Pesquisa Pré-Histórica daqui. Chegamos a concorrer com o próprio Museu de Pewter em artigos científicos, o que nos dá muito orgulho. - Ele se virou para ela, se ajeitando em sua bengala. - Outros decidiram tomar os mares, onde disseram que iriam treinar até o momento certo. Houveram pessoas que desistiram, também. - O velhinho começou a andar, deixando a garota para trás. - Faça o que quiser fazer. Apenas acho que Blaine não irá responder tão cedo.

     Kari ficou sozinha, exalando fúria. Havia chegado tão longe apenas para estancar? E, sobretudo, por algo que estava fora de seu controle? Estava considerando esmurrar a porta de novo, quando algo brilhou em seu campo de visão. Quando virou a cabeça, percebeu que era um rabo rosa e longo sumindo atrás de uma esquina.

     Mew? Ela se adiantou, correndo os últimos metros. Quando virou a rua, avistou novamente o rabo rosa sumir à sua frente. Entrou em perseguição, correndo pelas ruelas e pontes até chegar aos arredores de uma grande mansão acabada, onde uma pequena figura estava parada no teto. Quando ela chegou perto da porta, a mancha rosa vibrou e sumiu, deixando-a novamente sozinha. Kari parou para se apoiar nos joelhos e respirar fundo, inclinando a cabeça para descobrir aonde estava. 

     A mansão à sua frente era gigantesca, cobrindo quase quatro andares e várias dezenas de metros de comprimento. No entanto, parecia ter conhecido dias melhores. Buracos e manchas de incêndio decoravam macabramente as paredes, e não havia uma janela sem vidros quebrados. A garota olhou ao redor, sem conseguir encontrar ninguém. O vento balançou ao seu redor, agitando caibros bambos e cortinas rasgadas. Ela engoliu em seco, apoiando a mão na porta de madeira rachada. Captou uma mancha rosa lá dentro, e quase caiu para trás de susto. A porta se fechou novamente, e ela respirou várias vezes antes de continuar. Bem, pensou Kari, enquanto entrava na mansão. Acho que alguém quer que eu vá para cá. O mistério era muito tentador para afastá-la, e de qualquer jeito, não tinha nada a perder.

     Por dentro as coisas pareciam muito piores do que do lado de fora. Móveis estavam estraçalhados por todos os lugares, e a poeira dançava nos raios de sol. A criatura rosada estava no fim de um corredor perpendicular ao átrio. A garota o seguiu, e viu que havia uma escada em espiral que subia no fim da galeria. Continuou para cima, se encontrando em um novo corredor que possuía apenas uma porta de madeira escura, surpreendentemente em bom estado de conservação. O Pokémon misterioso tocou com sua pequena mão a fechadura, que soltou um clique. Ele encarou a garota, seus olhos azuis encarando os verdes sem piscar por um instante que pareceu anos. Finalmente, ele vibrou no ar e desapareceu.

     Kari se adiantou, abrindo a porta. Algo fazia os pêlos de sua nuca arrepiarem enquanto ela olhava ao redor. O quarto era pequeno, e possuía apenas uma mesa decorada no centro, um tapete verde embaixo, uma cadeira simples e um grande livro no topo. A garota o pegou, abrindo-o curiosa. Na contra-capa havia um nome escrito à mão, com os dizeres: “A vida de Katsura Blaine, escrita pelo próprio.”.

     - Ah! - Se assustou a garota quando as páginas começaram a se mexer em suas mãos, como se um vento estivesse as balançando. Ela deixou o livro cair em cima da mesa, e as folhas se agitaram até pararem em uma página no fim do livro. Ela olhou para os lados, agitada, mas não havia nada de suspeito. Engoliu em seco e se sentou, começando a ler em seguida.

     Hoje foi um dia de excelentes novidades. Parecia que estávamos na selva há anos, procurando um fantasma para os Plasmas. Embrenhados na floresta da ilha Sete, eu admito que perdi a noção dos dias, algo que Fuji sempre procurou manter. Felizmente estamos acostumados a esse tipo de vida, e ela sempre nos recompensa no fim. Fuji conseguiu encontrar o tão famigerado Pokémon misterioso. Ele disse que está embrenhado no meio da selva, e é para lá que iremos amanhã.

     As páginas se viraram automaticamente, assim que seus olhos terminaram de ler as palavras.

     Bem, digamos que tivemos muita sorte e ao mesmo tempo nenhuma. Desde que Fuji avistou Mew, o Pokémon misterioso, se passaram meses. Nunca ficamos tanto tempo em uma missão, e juro que pensei em desistir e encarar nossos chefes. No entanto, Fuji, sempre ele, conseguiu um pouco do pêlo de Mew em um incidente. Já contactei os Plasmas, pedindo para que nos encontrassem. Fuji reclamou, mas não me importa. Já fiquei tempo demais aqui.

     As páginas dessa vez balançaram um bocado, chegando até quase o fim do livro.

     Hoje é o aniversário de quinze anos da descoberta de Mew. Estive pensando nisso de manhã, e o quanto mudou desde então. Fuji e eu não somos mais uma dupla, e ele está ocupado demais em Lavender me culpando por ter, como disse de forma tão severa, me vendido ao sistema. Acho engraçado ele dizer isso, vendo quantos Pokémon conseguiu salvar naquela cidade isolada simplesmente porque eu nos tirei do mato. Ele chegou até mesmo a fundar um laboratório de pesquisas aqui em Cinnabar, por favor! Não há como discutir o quanto subimos de vida. Hoje, graças aos meus amigos Plasmas e seu braço, os Rockets, sou um líder de ginásio. E além disso, estamos prestes a gerar o Pokémon mais forte que já existiu, totalmente à nossa disposição e bem no laboratório embaixo de minha própria casa. O projeto Mew-2 já nos gerou uma série de problemas ao tentar replicar completamente o DNA de Mew, produzindo aquelas formas estranhas que o pobre Carvalho classificou como um novo Pokémon. De qualquer jeito, o projeto foi remodelado desde então. Decidimos manipular o DNA de forma mais firme, e o resultado está prestes a ser finalizado. O espécime 150, também chamado pelos Rockets que trabalham aqui na mansão como “Mewtwo”, já tomou forma e os níveis psíquicos são altíssimos. Em breve mudaremos o mundo.

     As páginas foram até o fim, chegando à última página, a qual continha apenas poucas frases.

     Mewtwo era muito poderoso. Fuji estava certo todo esse tempo. Eu vi o horror e a crueldade nos olhos daquela criatura, e... minha mansão está destruída. Os Rockets sumiram. Não sei se consigo aguentar tudo isso.

     E não havia mais nada. Kari ficou parada por algum tempo, encarando o livro como se houvessem respostas ocultas na tinta. Olhou ao redor, como se esperasse uma mancha rosa ao seu lado. No entanto, não havia nada. Ela respirou fundo e se virou, saindo da mansão com os pés batendo com força no chão.

     Alguns minutos depois, chegou ao ginásio. Foi direto até as portas duplas e bateu com força, gritando a plenos pulmões.

     - BLAINE! BLAINE, EU SEI DE TUDO! FUJI, MEWTWO, OS ROCKETS! ME DEIXE ENTRAR! - Ela parou para respirar, com a mão apoiada no metal quente.

     De repente, ouviu um clique do outro lado. 

domingo, 7 de julho de 2013

RN Nuzlocke LG: Capítulo 33: Lendas vivas

RECINTO NERD NUZLOCKE - LEAF GREEN -

CAPÍTULO 33: LENDAS VIVAS

- Estou te dizendo, Kari. Precisamos cuidar do seu cabelo. - Disse Sophie, avançando contra as ondas que se punham em seu caminho. Estavam no meio da rota 20, um caminho que passava pelo mar aberto. Kari estava sentada no casco com as costas apoiadas no pescoço da Pokémon, lendo uma revista de atualidades enquanto escutava música com apenas um fone de ouvido, distraidamente. Estavam nadando pelo sul de Fuschia, se encaminhando para a ilha de Cinnabar. A garota apenas murmurou em concordância e virou a página.


- Você está me ouvindo? -Reclamou a Lapras, parando seu movimento bruscamente. Kari quase caiu em resposta, tendo que se segurar desesperadamente nas protuberâncias do casco para não afundar na água. A revista deslizou lentamente pela superfície rochosa e caiu delicadamente no mar, boiando e finalmente afundando.


- Sophie, qual é o seu problema? - Gritou a treinadora, se esforçando para voltar até onde estava.


- Você não estava me escutando. Logo, tive de tomar medidas drásticas para chamar sua atenção. Não me culpe, pois a culpa é totalmente sua. - Disse calmamente a Lapras, voltando a nadar lentamente. - E antes que você tente dar um ataque. - Adicionou ela, sentindo o que vinha pela frente. - Devo lhe lembrar que estamos no meio do oceano, e sua única companhia e forma de locomoção sou eu. Posso muito bem ficar parada até você decidir cooperar.


A garota a encarou, irada, até que se acalmou forçadamente. Infelizmente a Lapras estava certa. - O que você queria? - Resmungou, apoiando as costas no pescoço comprido da Pokémon, ajeitando os ombros.


- Eu estava falando do seu cabelo. Há quanto tempo você não cuida dele? - Kari passou a mão por seus fios, encontrando-os duros e embaraçados. Se envergonhou um pouco.


- Acho que você tem razão.


- É claro que tenho razão. Veja, seu corte é muito bonito e talvez seja uma coisa que chame a atenção de um possível interesse romântico. - Kari sorriu, até a Lapras continuou. - Eu cuidaria mais dele, já que sua personalidade e seu corpo não devem atrair ninguém que não esteja desesperado. E lembre-se: ainda estamos sozinhos no meio do oceano. Cuidado com o que vai fazer. - Acrescentou, e a garota voltou a se sentar. A treinadora encarou o mar com a testa franzida. Já estavam no mar havia três dias, e mais um pouco disso iria deixá-la louca. Se perguntou novamente quanto tempo demoraria para chegarem a Cinnabar.


Nadaram por mais algumas horas, felizmente em silêncio. O sol já começava a se pôr no oeste, lançando um tom alaranjado ao oceano. Naquele momento, perceberam que vários nadadores e seus Pokémon estavam indo na direção oposta a deles, parecendo apressados. Pararam uma garota loira, perguntando o que estava acontecendo.


- Há uma tempestade vindo. - Disse ela, agarrada à sua Seadra. - Todos os treinadores devem voltar à Fuschia e aguardar até que ela passe. - Kari considerou ficar mais tempo sozinha com Sophie, e estremeceu.


- Não há outra forma? - Perguntou a garota. Sua Lapras se adiantou.


- Que eu saiba, as ilhas Espuma do Mar estão próximas. Talvez possamos ficar lá até as coisas melhorarem. - A nadadora pareceu empalidecer.


- Ah, vocês não irão gostar de ir para lá. - Começou ela. -  Faz alguns meses que... histórias vêm daquele lugar. O frio na região aumentou drasticamente, e dizem que há um Pokémon que ninguém jamais viu antes aterrorizando o lugar. - Sophie riu em desprezo.


- Aterrorizando o lugar? Querida, nós queremos conquistar a Liga Pokémon. Uma história de fantasma não irá nos assustar. O que acha, Kari? - Perguntou, se virando para trás. A garota acenou com a cabeça, concordando. Quanto mais tempo demorassem, pior seria para todos. Principalmente para ela.


- Bem, é a vida de vocês. Não sou eu quem vou me responsabilizar. - Disse a nadadora, se afastando deles. A Lapras alterou o caminho, seguindo a noroeste de onde estavam. Ao longe, a tempestade era claramente visível, uma mancha negra e raivosa se aproximando. As ondas começaram a ficar mais agitadas, e Sophie aumentou a velocidade. Quando Kari e sua Pokémon chegaram à praia das ilhas Espumas do Mar, pequenas gotas de água já caíam rapidamente. A treinadora recuou Sophie para a Pokébola e entrou numa caverna próxima, correndo para evitar a chuva.


Dentro da formação natural, o frio era tremendo. As paredes estavam cobertas de gelo grosso, e a respiração da garota automaticamente fazia névoas geladas ao seu redor. Kari começou a tremer assim que colocou os pés na caverna, esfregando as mãos nos braços enquanto tremia incontrolavelmente. Pensou em voltar para o ar livre, mas a chuva apertou no momento em que girou o corpo. As coisas estavam ruins dos dois lados.


Ela começou a andar pelo cenário, olhando ao redor. Percebeu que haviam figuras no gelo, e quando se aproximou percebeu que eram Pokémon. Dewgongs, Seels, Golbats... não havia nenhuma forma de vida fora das prisões de cristal. Kari sentiu o coração apertar e algo frio descer pela garganta. Havia realmente algo de estranho nas Espumas do Mar.


Um grito agudo surgiu à frente, e ela se virou assustada. Uma mancha azul estava se aproximando, tão rápida que parecia um borrão. A garota correu para longe, sentindo o vento quase levantá-la quando a figura passou. Ela caiu no chão, estendendo os braços para proteger o rosto. Levantou a cabeça e olhou para cima, sem conseguir acreditar no que estava vendo.


Em frente a ela estava um Pokémon semelhante a um pássaro, com uma envergadura tão grande que poderia conter uma dúzia de pessoas deitadas. Suas penas azuis eram majestosas e brilhantes, e todo o corpo parecia exalar cristais de gelo. O lendário Pássaro do Gelo, Articuno, estava a encarando com seus olhos frios e vermelhos.


Kari não se moveu de início, tentando compreender a situação. Para ela, a Trindade dos Pássaros era apenas uma lenda esquecida. Articuno deveria pertencer a um livro de contos, e não à realidade. No entanto, lá estava ele, pousado em uma rocha, tão frio que o objeto congelava ao menor toque. O Pokémon lendário inclinou a cabeça e soltou outro grito que ecoou fundo na caverna. O som apavorou Kari, que sentiu como se uma mão fria a estivesse apertando pela garganta. Com os olhos arregalados, ela viu Articuno se preparando para avançar.


A garota saltou para o lado, evitando o pássaro que acabou acertando a superfície, destruindo-a no processo. Um pequeno terremoto se seguiu ao ataque, despedaçando o chão embaixo dos pés de Kari. Ela caiu, balançando os braços no ar enquanto virava para baixo, encarando o riacho semi-congelado que corria vários metros abaixo. Mesmo com a força do vento que agia em seu corpo, ela colocou a mão no cinto, agindo quase que por instinto.


- KENICHI, VÁ! - Gritou ela, lançando a Pokébola para sua frente. Seu Charizard foi invocado no cenário, e a treinadora caiu em cima dele. Kenichi acompanhou um pouco a descida até conseguir planar pelos ares, olhando para os lados e evitando os destroços do andar superior.


- O que está acontecendo? - Gritou ele. Antes que Kari pudesse responder, um grito agudo foi ouvido de longe. Os dois se viraram e perceberam o Pokémon Lendário no encalço deles.


-Kenichi, ele é Articuno, da Lendária Trindade dos Pássaros! Se quer meu conselho, VAMOS FUGIR! - O Charizard nem questionou esse pedido, disparando pela caverna. Raios de gelo tentavam os alcançar, mas Kenichi manobrou para os lados, desviando às vezes por um triz. Kari se mantinha agarrada ao seu pescoço, tremendo com o vento frio e forte. - Por cima! Por cima! - Gritou ela. Seu Pokémon se alçou para o teto, mirando a abertura destruída. Antes que alcançasse, porém, Articuno disparou um raio de gelo no buraco, tapando-o completamente.


Kenichi conseguiu desacelerar a tempo, girando o corpo e abrindo as asas para apoiar os pés no cristal, ficando de ponta-cabeça. Kari quase caiu no processo, sentindo as pernas balançarem sem suporte no ar gélido.


- Kari, não vamos conseguir fugir daqui sem luta. Eu vou acabar com ele! - O Charizard mergulhou, planando até ficar de frente para o Pokémon Lendário, do outro lado da caverna.


- O quê? - Questionou a garota. - Kenichi, devo-lhe dizer que estamos encontrando uma espécie de lenda na nossa frente. Há um motivo para ele ser chamado assim. - Seu Pokémon pousou em uma pedra e abriu as asas, soltando vento quente pelas suas narinas.


- Kari, não se preocupe. Um dia vão falar a mesma coisa de nós. - A treinadora não conseguia enxergar o rosto do Charizard, mas por algum motivo sabia que ele estava rindo. Engoliu em seco, se ajeitando no pescoço dele. Realmente, não havia outra escolha.


- Espero que você sabia o que está fazendo. - Não houve resposta do outro lado, enquanto o pássaro de gelo gritava. Ele e o Charizard dispararam ao mesmo tempo, voando um de encontro ao outro e ambos lançando raios elementares de sua boca. - VAAAAI! - Gritou Kari, se esforçando para ficar de olhos abertos. Um jorro de chamas estava à sua frente, tão grande que o adversário não era visível do ponto onde estavam. Fogo encontrou o gelo no ar, lançando névoa quente para o teto da caverna. O jato vermelho atravessou o outro, acertando Articuno em cheio. As chamas logo se esvairiram, e a região ficou enevoada demais para conseguirem ver alguma coisa.


- O que houve? Vencemos? - Perguntou Kenichi. Kari olhou para os lados, tentando enxergar alguma coisa. Um vulto grande apareceu em seu campo de visão, e ela apertou os olhos para poder ver melhor. Conseguiu perceber o Articuno ferido, pousado em uma grande rocha. No entanto, havia mais alguém com ele. Uma figura pequena, parecida com um gato com cauda longa, estava com a pequena pata encostada na cabeça do pássaro. Mesmo através de toda a névao, Kari conseguiu notar seus olhos, grandes e azuis, a encarando. Algo frio desceu pela sua espinha e ela piscou. Quando reabriu os olhos, eles não estavam mais lá. Ao redor da treinadora e de seu Pokémon, o gelo começava a derreter, causando chuva na caverna.


- O que foi isso?- Perguntou Kari, estupefata. Havia algo a mais naquele... ser que tinha visto. Ele não parecia normal. Seria um Pokémon? Ou algo a mais? Se lembrou da descrição de Fuji sobre suas pesquisas, e sua mente ficou com mais dúvidas.


Havia Mew aparecido diante deles? E, se tivesse, o que teria feito? Onde estava Articuno e o que ele tinha feito com o Pássaro?


A chuva artifical caía ao redor da garota e do Charizard, quase tão volumosa quanto a de verdade que tempestuava o lado de fora.